Para Heitor Férrer (PSB), as sessões ordinárias da Casa devem ser isentas do processo eleitoral
( Foto: José Leomar )
A tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará virou palanque eleitoral de vez. Deputados estaduais aliados de Capitão Wagner (PR) e de Roberto Cláudio (PDT) utilizam o púlpito do Plenário 13 de Maio para fazer defesa do respectivo candidato e atacar o postulante adversário. Para alguns parlamentares, por falta de pauta mais consistente na Casa, o tema acaba sendo levado para as sessões ordinárias. Outros, por outro lado, acreditam que não é o melhor espaço para tais pronunciamentos.
No primeiro turno, com quantidade maior de candidaturas no Interior do Estado, inclusive com deputados envolvidos diretamente com o pleito, plenárias foram, algumas vezes, canceladas. No entanto, muitos fizeram uso da tribuna para defender a causa municipal ou atacar determinadas gestões. Como o segundo turno se limita a Fortaleza e a Caucaia, as duas cidades passam a ser mais visadas durante o uso da palavra na Casa.
Para o petista Manoel Santana, os debates de caráter eleitoral acabam ganhando espaço devido a presença de um dos candidatos na Casa, neste caso o deputado Capitão Wagner. Segundo ele, também, há falta de pautas mais consistentes, o que faz com que o assunto prevaleça. "A campanha está tomando um rumo de muita agressividade, o que não é bom. E essa é outra razão para se ter este debate", disse.
Santana defendeu que não há problema em discutir as eleições municipais na tribuna da Assembleia e, conforme afirmou, não cabe ao Ministério Público Eleitoral impedir discursos dos parlamentares. "O Parlamento é livre para abordar os assuntos que quiser. Pode se comentar o que quiser, pois a pauta é de interesse de cada um", argumentou.
Postura
Há, no entanto, quem discorde dos argumentos do petista, caso do deputado Heitor Férrer (PSB). No primeiro turno, o parlamentar, que foi candidato, decidiu não fazer qualquer pronunciamento que pudesse beneficiá-lo na campanha. Para ele, os demais candidatos deveriam ter a mesma postura. "Infelizmente, alguém tem percepção diferente e utiliza o microfone da Assembleia como se estivesse em um palanque", apontou.
Heitor Férrer sustentou que as sessões ordinárias da Assembleia devem ser isentas do processo eleitoral e, por isso, o Ministério Público Eleitoral poderia advertir a Casa.
Silvana Oliveira (PMDB), por sua vez, opinou que o debate sobre a Capital é inevitável porque há deputados fortemente envolvidos com a disputa e que fazem parte da administração pública. Segundo ela, porém, o confronto de forças não pode ser simplesmente eleitoreiro.
A peemedebista defendeu, por exemplo, que o uso da tribuna por parlamentares pró-Capitão Wagner, ontem, ocorreu apenas para reclamar de insultos de Ivo Gomes (PDT) contra o candidato nas redes sociais. "Não podemos permitir que um deputado chame o outro de 'Capetão', que é literalmente o Satanás. Isso é reincidente do temperamento deste colega, e a Casa não pode ser omissa", afirmou. José Sarto (PDT), que foi à tribuna defender Roberto Cláudio, justificou que estava reagindo a ataques feitos ao correligionário, e disse ser lamentável o debate sobre as eleições no púlpito da Casa, visto que, para ele, lá não é o palco ideal para tal discussão.
"O palco é na rua, na televisão, nos debates. Mas hoje, na qualidade de pessoa que ajuda este projeto para Fortaleza, quis replicar o que foi posto pelo deputado candidato no segundo turno, que criticou o prefeito".