Ex-presidente Lula ao lado da ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal Luizianne Lins em ato de campanha na Praça do Ferreira
FOTO MATEUS DANTAS
Finalizando visita ao Ceará, o ex-presidente Lula (PT), agora réu na Lava Jato, fez ontem críticas indiretas à candidatura de Capitão Wagner (PR) a prefeito de Fortaleza. Em discurso ao lado da candidata Luizianne Lins (PT), na Praça do Ferreira, o petista questionou propostas na segurança e capacidade de militares em resolver problema da área.
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“Arrumaram um militar para dizer ‘vou cuidar da segurança’. Se militar resolvesse o problema da segurança, por que não resolveram quando ficaram 23 anos no poder? Como é que alguém pode prometer cuidar de uma coisa que não é responsabilidade da Prefeitura? Prefeito tem que dar educação fundamental”, disse, sob aplausos. Segundo organizadores, 15 mil pessoas participaram do ato.
Sem citar Wagner, Luizianne atacou ênfase da campanha sobre segurança. A petista criticou sobretudo proposta de armar a Guarda Municipal, uma das principais do candidato do PR. “Temos várias siglas policiais. Cotam, Ronda e Raio não resolveram o problema. E tem gente dizendo que a Guarda Municipal vai resolver? Isso é demagogia pura.”
Antes mirando mais no prefeito e candidato à reeleição Roberto Cláudio (PDT), Luizianne passou nas últimas semanas a centrar críticas em Wagner. Questionada se a mudança na estratégia ocorreu por reflexo das pesquisas, que mostraram crescimento do militar, ela minimizou:
“O que não aceito é que o debate fique só na segurança”, disse, afirmando ainda não descartar apoio de Wagner no segundo turno.
Ainda sobre Wagner, Lula também destacou relação do candidato com articuladores do impeachment de Dilma Rousseff (PT) – a quem chama de “golpistas”. “Essa gente que cassou a Dilma, não pensem que eles estão quietos. Eles estão aqui, pedindo voto outra vez, da forma mais disfarçada possível: arrumaram um militar”, falou Lula.
“Meninos do MPF”
A passagem de Lula pelo Ceará ocorreu um dia após o juiz Sergio Moro acatar denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra ele e sua esposa, Marisa Letícia, por supostos crimes apurados na Lava Jato. Durante toda a visita, o ex-presidente conciliou defesa de candidaturas petistas no Estado com sua defesa no caso.
Dizendo que “jamais envergonharia seus eleitores roubando R$ 1”, Lula questionou procuradores autores da denúncia. “Que esses meninos do MPF peguem a convicção deles e façam o que quiser, mas, se querem me acusar, mostrem prova.”
Lula atribuiu ainda a “perseguição” a temor de adversários por um possível retorno seu em 2018. “Eles sabem que quem sabe cuidar desse povo sou eu, têm medo de governo que crie direito para os trabalhadores (...). Mas eu digo: se preparem, que eu vou voltar.”
BASTIDORES
Bom humor
Ao falar sobre pessoas que se diziam preocupadas com sua saúde, Lula brincou com militância: “Me sinto com 18 anos. Um dia a Marisa (sua esposa) vai contar como estou jovem”.
Lula militante
Mantendo tradição de seu governo, Lula passou evento de ontem vestindo bonés e adereços de movimentos sociais. Além de bonés da CUT, MST e UNE, o petista usou também boina no estilo Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela. Ele também segurou placas de militantes, como uma “faça amor, não faça golpe”.
Confusão e furtos
Como é de costume em em passagem de figuras de grande popularidade, chegada de Lula ao Centro de Fortaleza foi marcada por intenso empurra-empurra ontem. No momento do desembarque do petista, diversas pessoas disseram que tiveram pertences, entre celulares e carteiras, furtados. Acompanhando a aglomeração, PMs chegaram a revistar mochilas e bolsos de pessoas acusadas de terem praticado os crimes. Um suspeito foi detido por um veículo do Ronda e levado para depoimento.
SAIBA MAIS
Em passagem por Barbalha, na companhia do governador Camilo Santana, na manhã de ontem, Lula se disse perseguido pela imprensa e pelo tratamento parcial dos “meninos do MPF. “E eu olho na cara de cada um e digo: se acharem um real na minha vida que não for meu, eu não serei mais nada nessa vida”.
Lula também visitou o Crato e criticou o processo de impeachment de Dilma. “Temos que respeitar somente os presidentes eleitos democraticamente.”
O ex-presidente também participou de ato no município de Iguatu.