Eliane Novais votou ontem na Universidade de Fortaleza. Ela vai avaliar com o diretório nacional como se posicionará no segundo turno
FOTO: NATINHO RODRIGUES
Embora o primeiro turno da campanha tenha se encerrado ontem, o candidato ao Governo do Estado pelo PSOL, Ailton Lopes, afirma que o fim do processo eleitoral não representa o fim da luta. Para ele, sua campanha foi "absolutamente vitoriosa" por dar voz aos anseios de milhares de cearenses que não se reconhecem no atual modelo político.
"A nossa vitória não será contada no dia 5 de outubro. A nossa vitória está escrita na história. Foi assim com os abolicionistas, foi assim com as mulheres, quando conquistaram seus votos, foi assim quando nós derrubamos uma ditadura civil militar que demorou mais de duas décadas. As coisas não acontecem de uma hora para outra", comparou.
Segundo Ailton, o desenrolar da campanha aconteceu da forma como imaginava: o poder econômico influenciou de forma determinante sobre o resultado do pleito. "Isso estava previsível nos gastos, nos ajuntamentos políticos que foram feitos. Desse ponto de vista, era absolutamente previsível", apontou.
>>Eunício quer buscar apoio de Eliane Novais e Ailton Lopes >>Lixo eleitoral fica espalhado pelas ruas>>Eliane Novais não descarta apoio em provável segundo turno>>Candidato Ailton Lopes vota no Benfica>>Eunício Oliveira e Camilo Santana vão para o 2º turno O pleiteante lamentou que a disputa tenha sido dominada não só por dois candidatos, mas pelo dinheiro e pela superficialidade das proposições. "Nenhum deles se propôs a debater o modelo de desenvolvimento do Estado, tanto que as propostas eram rigorosamente as mesmas", ri Ailton, "de propostas que as pessoas já estão de saco cheio, cansadas de ouvir. Não houve polarização de projetos, o que houve foi um espetáculo triste e lamentável de campanhas que acham que o dinheiro pode tudo".Ainda assim, Ailton afirma que toda a caminhada valeu a pena por apresentar uma forma diferente de se fazer política. Ele pondera que, mesmo tendo sido afetado negativamente pelas repercussões da campanha ao ser equiparado aos outros políticos, também ouviu declarações de eleitores que iriam votar nulo ou branco que mudaram de ideia a favor do candidato. "Esse tipo de declaração, fosse uma apenas, valia a eleição inteira", disse.
Positivo
Outro ponto positivo da campanha que ele destaca é trabalhar com pessoas que acreditam no que fazem. "É muito bom fazer política com quem acredita, com quem tem brilho nos olhos, com sorriso que não é falso. Com quem faz uma campanha feita no chão da luta, de todas as lutas, dos quilombolas, dos povos indígenas, de mulheres, LGBTs, idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes, juventudes do povo do Ceará", listou.
Para o socialista, enquanto seus adversários deixaram de apresentar programas de governo e se limitaram a propostas pontuais e peças de marketing, sua candidatura se esforçou para oferecer uma melhor opção de modelo de desenvolvimento para o Ceará. "Esse cuidado a gente teve, se debruçou, foi uma preocupação enorme. Mas faltou (na campanha) o debate programático, sobre a perspectiva política, para o modelo econômico. Isso não significa dizer quantos hospitais vai construir, em quanto tempo e quanto custa. Isso é muito pouco", apontou.
Por ser "oposição programática", Ailton descarta apoiar qualquer candidatura no segundo turno. "Essas duas candidaturas não tiveram o menor respeito pelos trabalhadores e trabalhadoras, não só não nos representa, como nós somos oposição programática, cotidiana e necessária", reforçou, em referência aos candidatos Eunício Oliveira (PMDB) e Camilo Santana (PT).
Para Ailton, ele sai fortalecido do processo eleitoral. "Mas quem sai mais forte dessa eleição são aqueles lutadores e trabalhadores que disseram: eu queria ter dito isto. Eu queria estar lá. Eles devem satisfações ao povo do Ceará. São estes trabalhadores que se reconheceram em alguma medida na nossa campanha", destacou.
Ao fim do processo eleitoral, Ailton deverá retornar ao trabalho no Banco do Brasil. Devido à greve dos bancários e a direitos a folgas e férias que afirma ter, ele não sabe precisar quando volta. "Vou voltar ao trabalho, se vai ser agora imediato ou depois, a gente vê. É isso, a vida, a luta e o trabalho continuam", pontua.
Yohanna pinheiroRepórter
Eliane diz que sai sem arranhão
Passada a votação do primeiro turno, Eliane Novais (PSB), terceira candidata mais votada ao Governo do Estado, afirmou sair fortalecida e sem arranhão da campanha por não ter se misturado à velha política, discurso utilizado por seu partido durante a campanha. Ela defendeu ter feito um mandato na Assembleia Legislativa e uma campanha eleitoral com dignidade, o que servirá para um próximo pleito, preferindo não detalhar qual seria.
No segundo turno, ela ressaltou que não apoiará o candidato petista Camilo Santana, apoiado por Cid Gomes (PROS), acrescentando que o apoio a Eunício Oliveira (PMDB) deve ser decidido nacionalmente. "É muito pouco provável que eu apoie alguma das candidaturas, porque elas representam a velha política. Isso depende de uma conversa nacional", avisou.
Destacando fazer parte do diretório nacional do PSB e ser vice-presidente do partido no Ceará, Eliane afirmou ter o sentimento de missão cumprida e continuará seguindo as bandeiras do partido. Ela ainda pediu que o candidato vencedor faça a vontade da população e desejou que o seu plano de Governo seja aproveitado pelo novo governador.
Para a candidata pelo PSB, o seu resultado nas urnas teve relação direta com as pesquisas eleitorais, que acaba influenciando o chamado voto útil. "As pesquisas orientam e a população quer votar em uma pessoa que esteja em um ritmo bom para ganhar as eleições, há o voto útil e isso é muito prejudicial", apontou.
Pesquisas
A pessebista defendeu o fim das pesquisas eleitorais e uma reforma política no País, levantando suspeitas sobre os gastos das candidaturas de Camilo e Eunício. "Já motivei que Ministério Público e Polícia Federal acompanhem os casos, porque isso com certeza não é dinheiro do bolso do candidato, esse dinheiro vem de algum lugar e me cheira a corrupção", criticou.
Para Eliane, apenas ela e Ailton Lopes (PSOL) conseguiram agregar em suas propostas o desejo da população. "Fiz encontros regionais, nós agregamos as demandas e conseguimos colocar dentro de um plano de Governo", afirmou.
A candidata pelo PSB explicou que a morte de Eduardo Campos, morto em um acidente de avião, também prejudicou o andamento de sua candidatura e de outras no Nordeste, como a de Lídice da Mata, na Bahia.
"Tivemos essa perda, não se constrói um líder da noite para o dia, Marina está no PSB, mas sabíamos que sairia e iria para a Rede Sustentabilidade. Houve uma desaceleração, tinha prioridade maior para o Nordeste com Eduardo Campos e houve uma nova orientação", pontuou.
Suzane saldanhaRepórter