Mirian Sobreira disse que vai pedir explicações ao Banco do Brasil sobre a demora em abrir contas de pagamento dos caminhões-pipas do Interior
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Parlamentares do CE cobraram mais atenção de empresas e do Governo do Estado com as vítimas da seca
A deputada Mirian Sobreira (PSB) declarou ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa, que vai apresentar requerimento cobrando do Banco do Brasil esclarecimentos sobre a demora de 90 dias para abrir as contas destinadas ao pagamento dos donos dos caminhões pipas que abastecem o Interior. Segundo ela, por conta do atraso, muitos proprietários estão sem receber pelo serviço, inviabilizando a distribuição de água potável às comunidades vítimas da seca.
Na avaliação da pessebista, o atraso no pagamento é consequência de "descaso" e "irresponsabilidade" da instituição bancária. Para a parlamentar, é inadmissível tanta burocracia para se abrir as contas, diante da tecnologia e recursos que os bancos têm. "Não estou solicitando, estou cobrando uma explicação pela falta de compromisso", reforçou a deputada.
No discurso, Mirian Sobreira classificou como uma "vergonha necessária" a dependência do carro pipa no interior do Estado. A pessebista lembrou ainda que a burocracia também atrapalhou a distribuição do milho, causando a morte de 50% do rebanho, já que havia milho, mas não havia frete para transportá-lo. Segundo ela, depois de solicitado, o governador Cid Gomes subsidiou o frete, que deve garantir o milho até fevereiro de 2013.
Esforço
O deputado Hermínio Resende (PSL) reconheceu o esforço do Governo do Estado em tentar minimizar os efeitos da estiagem, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário e da Ematerce, mas enfatizou que muito ainda deve ser feito. Ele lembrou que as metas estipuladas pela Ematerce de atendimento aos agricultores familiares para 2012 estão sendo cumpridas dentro do possível. Segundo ele, os esforços estão concentrados principalmente nas localidades que perderam pelo menos 85% da safra de grãos.
O deputado Leonardo Pinheiro (PSD), por sua vez, reconheceu que as políticas de transferência de renda para o homem do campo têm amenizado os efeitos da seca, mas defendeu que são necessárias obras estruturantes, como a Transposição do Rio São Francisco, que, segundo ele, por meio do Cinturão das Águas, vai levar água para o interior do Ceará. "Hoje não vemos mais retirantes nas estradas ou gente morrendo de fome. Mas ainda vemos o homem perdendo o gado", lamentou o parlamentar.
Assistencialismo
O deputado Ferreira Aragão (PDT) defendeu a construção de 15 barragens no Interior para acabar com a falta d´água, sendo pelo menos uma na região dos Inhamuns e outra no Vale do Jaguaribe. Ele afirmou ainda que falta boa vontade do governo para acabar com o problema da seca no Ceará. "Ninguém nunca quis acabar com a estiagem, porque ela é uma excelente fonte de renda", disparou.
De acordo com pedetista, o Governo Federal enviou R$ 841 milhões para projeto de assistencialismo, por conta da estiagem. "Por que não pegam esse dinheiro e constroem essas barragens?", indagou. Na avaliação do deputado, políticas assistenciais estão contribuindo para a "cultura da preguiça" no Brasil.
O deputado Roberto Mesquita (PV) defendeu que não se está construindo a "geração de desocupados", como Ferreira Aragão mencionou. "Nossos irmãos não são, nem querem ser desocupados. Eles estão desiludidos", justificou. Para dele, falta empenho do governador Cid Gomes na agricultura, "assim como ele tem em outras áreas", citando o episódio de divisão dos royalties, que o levou a Brasília.