Segundo Welington Landim, foi assinado um convênio para viabilizar mil projetos de abastecimento de água no Ceará, mas nada foi liberado
FOTO: JOSÉ LEOMAR
Tem sido recorrente, na Assembleia, discussões sobre a extensão dos prejuízos causados pela seca a todo o Estado
A manchete do Diário do Nordeste de ontem: "Seca causa colapso de abastecimento d´água no Interior", provocou os deputados, na Assembleia Legislativa, a tratarem mais uma vez sobre a seca no Estado. Os parlamentares têm se mostrado preocupados com a falta de água e reclamam mais atenção por parte do Executivo, para os problemas que a estiagem vem causando ao homem do campo.
De acordo com o deputado Welington Landim (PSB), no início deste ano, o ministro da Integração, Fernando Bezerra, assinou um convênio, em parceria com o Governo do Estado, a partir do programa Água para Todos, com o compromisso de liberar recursos para mil projetos de abastecimento de água, mas até o momento nenhuma verba chegou ao Ceará.
Da parte do Estado, garante, já está tudo preparado, destacando que o governador Cid Gomes pediu aos prefeitos agilidade para apresentarem seus projetos que já chegaram a ser analisados pela Secretaria do Desenvolvimento Agrária, faltando agora somente a parte que cabe à União, segundo atesta Landim.
Outra iniciativa que já poderia ter iniciado, aponta o parlamentar, é o programa São José, que prevê a construção de 100 projetos de abastecimento de água. Segundo afirma, o projeto foi assinado em março deste ano, mas a licitação ainda será iniciada no próximo mês.
O parlamentar argumenta que basta olhar para a foto de capa veiculada ontem, no Diário do Nordeste, em que aparece o gado morto devido a falta de água e comida, para ter uma noção dos estragos que estão sendo causados pela Seca.
Reserva
Conforme Landim, se não chover na região do Cariri até o mês de janeiro, açudes que nunca secaram ficarão com 10% da reserva de água, afirmando que muitos poços profundos e cacimbas também já estão secos. "Temos que reagir, peço uma reação rápida e enérgica para o sofrimento desse povo", cobrou.
Há uma preocupação também, analisa, com a economia do Estado. Landim destaca que os produtores que passaram uma vida inteira para juntar 30 cabeças de gado perderam mais da metade ou por conta da fome ou porque tiveram que vender, já que não tinham como sustentar os animais. De acordo com ele, há um "empobrecimento geral" de quem já vivia em dificuldade.
De acordo com o deputado Sineval Roque (PSB), também da Região do Cariri, os prejuízos causados pela seca ainda irão perdurar por quatro ou cinco anos. Isso porque, avalia, o homem do campo terá de repor o que perdeu por falta de água e de comida, entendendo que se não chover, até o fim do ano, a situação irá se agravar ainda mais.
Cestas básicas
Já o deputado Ely Aguiar (PSDC) diz reconhecer o esforço do Governo Federal, Estadual e Municipal para amenizar os impactos da seca no Ceará. Segundo o parlamentar, a situação do homem do campo só não é mais caótica porque como este foi um ano de eleição, deve ter havido ajuda com cestas básicas. "Mas como já passou a eleição, este homem está entregue a própria sorte. Acredito que devemos olhar de forma mais constante. Essa Casa não pode ficar omissa, porque daqui a dois anos vamos percorrer o interior atrás de voto", lembrou.