A “greve geral” marcada pelas centrais sindicais e movimentos sociais para amanhã (28), com o objetivo de movimentar o País em protesto contra os projetos de reformas da Previdência e trabalhista, que estão em discussão no Congresso Nacional, tem gerado divergências entre os parlamentares na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa.
Em discurso no plenário, ontem, o deputado Carlos Felipe (PCdoB) disse acreditar que grande parte da população estará nas ruas durante o movimento chamado de “greve geral”. Segundo ele, os manifestantes não estão apenas atendendo a convocação das centrais sindicais e igrejas, mas mobilizados pela “angústia que as reformas trabalhista e da Previdência estão causando”.
Carlos Felipe avaliou que, se as reformas forem aprovadas, vão causar grandes perdas. Dentre os pontos criticados pelo parlamentar, estão as restrições ao direito de receber pensão por morte e a redução dos direitos trabalhistas.
Já o deputado Moisés Braz (PT) frisou que a população deve continuar indo às ruas, assim como o Parlamento e as centrais sindicais pretendem continuar promovendo audiências para discutir as propostas do Governo Temer. “Esse governo é impopular, não tem admiração nem respeito da população, e suas medidas irão prejudicar todas as classes de trabalhadores”, disse ele
Lula
Já o deputado Leonardo Araújo (PMDB) vê a paralisação como uma tentativa de projeção do ex-presidente Lula. Segundo o parlamentar, somente nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil assistiu a greves gerais. “São essas instituições fajutas que querem desmontar nosso País. Passaram 13 anos na geladeira sem reclamar e agora se unem nessa greve. Um dia de paralisação representa um prejuízo financeiro gigantesco para o País”, disse.
O deputado João Jaime (DEM) também repudiou o movimento. “Em nome de que eles convocam? Em nome do seu próprio interesse”, afirmou o parlamentar, lembrando que a legislação trabalhista obriga cada trabalhador a pagar um dia de salário por ano aos sindicatos. João Jaime, por sua vez, acredita que as reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) são importantes para modernizar o País, gerar empregos e tornar a nação mais justa. “Não à greve! Vamos tornar o dia 28 de mais trabalho para sair dessa crise”, afirmou.
Embora tenha defendido que fazer greve é um direito, Fernando Hugo (PP) ressaltou ser incorreto fazer “desordem”. “Existe um interesse anarquista que quer apoiar o quebra-quebra, e não apenas protestar ou questionar a reforma Trabalhista”, lamentou.
“Hora oportuna”
Aliada de Michel Temer, a deputada Dra. Silvana (PMDB) avaliou que essa não é a hora oportuna para a reforma da Previdência. Entretanto, ela defendeu a legitimidade do Governo Temer. “Estamos vivendo um momento de instabilidade política, e a reforma é antipática, mas não devemos usar isso para falar de um Governo que é legítimo”, observou ela. Os petistas Rachel Marques e Dr. Santana também voltaram a defender a realização da greve geral. Para Rachel Marques, o movimento é legítimo contra a subtração de direitos das categorias, convocado por nove centrais sindicais, de todo o País. Em Fortaleza, conforme Rachel Marques, haverá concentração na praça Clóvis Beviláqua, e a manifestação vai percorrer as ruas do centro da Cidade. Ela esclareceu ainda que em vários municípios haverá atos, bem como em todo o País.
Vereadoras convocam população para aderir
Na Câmara Municipal de Fortaleza, as vereadoras Larissa Gaspar (PPL) e Eliana Gomes (PCdoB) levaram o assunto para o plenário da Casa. Em discurso, Larissa Gaspar convocou a população e os demais parlamentares para participar da greve geral contra as reformas previdenciária e trabalhista, além da lei da terceirização.
“Hoje, está em pauta a reforma trabalhista, que traz uma série de perdas para os trabalhadores do País, prejudicando as férias, bem como as contribuições sindicais, além de enfraquecer o papel dos sindicatos. Por isso faço um apelo para a população e aos vereadores para que possamos nos unir aos milhões de trabalhadores que estarão nas ruas dizendo não à reforma trabalhista e não à reforma previdenciária”, frisou.
Com a aprovação da reforma da Previdência, Larissa Gaspar afirmou que mais de 70% dos trabalhadores rurais perderam a possibilidade de se aposentar. “Essa reforma aumentará a pobreza, o êxodo rural, além do grave prejuízo para a economia. E a justificativa de que existe um déficit é mentira, pois instituições sérias declaram publicamente que a previdência é superavitária. Que combata a sonegação fiscal e taxe as grandes fortunas, mas não me venha oprimir os trabalhadores desse País”, disse ela.
A vereadora Eliana Gomes também se posicionou contra a reforma trabalhista proposta pelo Governo Federal. De acordo com a parlamentar, a reforma vai atingir negativamente a todos os trabalhadores, especialmente as mulheres que trabalham na área rural. “Eles querem tirar o direito que temos e que foi dificilmente conquistado. Defendemos a diminuição da carga horária de 44 para 40 horas semanais, e eles querem aumentá-la. Qual é a folga que o trabalhador vai ter? Qual é o direito que vamos ter na nossa vida? Isso atinge a todos nós. É golpe que atinge profundamente os nossos direitos. Então, temos que ir para as ruas. Querem acabar com todos os direitos conquistados, que conseguimos com muito esforço e sangue derramado”, comentou.
Por último, a parlamentar parabenizou diversos municípios do interior do Ceará que decretaram ponto facultativo no dia 28 para que os servidores municipais também possam participar das manifestações.