Deputado Sérgio Aguiar com um grupo de deputados da base governista em almoço no início da tarde de ontem, onde reafirmou o seu compromisso com os colegas de ir disputar a presidência da Assembleia
( Foto: Jorge Alves )
Faltando uma semana para a eleição da nova Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará, cujos integrantes comandarão a Casa nos dois últimos anos da atual Legislatura, os deputados José Albuquerque que quer ser reeleito, e Sérgio Aguiar, postulante ao cargo de presidente, ambos do mesmo partido, o PDT, procuraram apoio dos demais deputados.
Ontem, Sérgio Aguiar teve uma nova conversa com o governador Camilo Santana e disse a ele que é candidato a presidente com ou sem o apoio dele. Logo depois, o parlamentar foi almoçar com um grupo de deputados que fecharam apoio à sua postulação.
Estiveram no almoço parlamentares do bloco formado por PSD, PCdoB, PMB, PRP e PEN, todos da base do Governo. Além desses, também compareceu o deputado Lucilvio Girão, que é do PP, partido que faz parte do bloco PDT e PP.
Também estavam lá, Roberto Mesquita (PSD), Augusta Brito (PCdoB), Carlos Felipe (PCdoB), Laís Nunes (PMB), Joaquim Noronha (PRP), Osmar Baquit (PSD), Gony Arruda (PSD), Naumi Amorim (PMB), Bruno Gonçalves (PEN) e Bethrose (PMB). A prefeita de Camocim, Mônica Aguiar, que é esposa de Sérgio Aguiar, também esteve presente, assim como o ex-deputado Neto Nunes, esposo de Laís Nunes, e Walter Júnior, ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, esposo de Bethrose.
Bastidores
Ao Diário do Nordeste, o deputado Osmar Baquit, que está liderando o bloco encabeçado pelo PSD, afirmou que o grupo realizou o encontro para tentar fechar questão ao apoio a ser dado ao candidato a presidente da Assembleia. A tendência é que o bloco vote favorável à postulação de Sérgio Aguiar, que segue firme na disputa interna do PDT, junto com Zezinho Albuquerque.
Questionado sobre a viabilidade do bloco formado para a disputa neste pleito, visto que o Regimento Interno é claro quanto a não possibilidade de criação de blocos na atual sessão legislativa, Baquit disse que isso pouco vai influenciar na decisão da bancada em apoiar um nome de forma unida.
A discussão nos bastidores da Casa durante toda esta semana foi em torno da nova composição da Mesa Diretora, visto que há parlamentares que querem continuar em seus cargos e outros que querem assumir um dos dez cargos disponíveis. O deputado José Sarto (PDT) disse ainda torcer por um consenso dentro da sigla pedetista, e acredita que faltando uma semana para a votação isso possa acontecer.
No entanto, ressaltou que em não havendo união, a maioria dos deputados do partido é signatária da candidatura de Zezinho Albuquerque à reeleição. Segundo ele, apesar de a decisão automática ser do plenário, a participação do governador do Estado, Camilo Santana, é legítima, visto que presidentes de partidos e até membros de órgãos externos à Casa estão participando do debate.
"Se vai questionar a legitimidade do governador, também tem que dizer que são ilegítimos esses personagens externos à Casa", disse ele se referindo a membros do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), envolvidos no processo: Francisco Aguiar, pai de Sérgio, e Domingos Filho, marido e pai dos presidentes do PMB e PSD cearenses.
Oposição
Sarto criticou ainda a criação de blocos na atual sessão legislativa, visto que o Art. 118 do Regimento Interno diz que "a agremiação que integra Bloco Parlamentar dissolvido ou a que dele se desvincular, não poderá constituir ou integrar outro na mesma Sessão Legislativa". Segundo ele, se não houvesse um delta limitador, a participação de blocos "ficaria avacalhada".
Vice-líder do Governo, o deputado Julinho (PDT) corroborou com o colega e afirmou que "algumas pessoas estão querendo fazer um novo entendimento do Regimento". Segundo ele, se o PEN, por exemplo, saiu do bloco PP e PDT, não pode se alinhar a outro nesta sessão legislativa. Ele também aguarda um entendimento entre Zezinho e Sérgio Aguiar, mas disse que vai seguir as orientações do governador Camilo Santana.
Para Fernanda Pessoa (PR) a falta de consenso na base do Governo do Estado demonstra a fragilidade do governador, que em suas palavras não conseguiu sequer unir parlamentares do mesmo partido. Ela faz parte de outro bloco formado por PSDB, PR, PSDC e SD, que também foi formalizado na Casa. Na próxima semana os membros desse grupo se reúne para decidir em que chapa deve votar.
Segundo alguns governistas, a tensão entre Zezinho e Sérgio Aguiar tem contribuído para o fortalecimento da oposição na Casa. O PT, por exemplo, atualmente com quatro membros na Casa, não se uniu a nenhum bloco e a bancada deve votar unida. No entanto, com o provável retorno de Odilon Aguiar (PMB) para a Assembleia a fim de votar, a sigla petista ficará com apenas três votos.
Elmano de Freitas defendeu a participação de Camilo no processo de escolha do próximo presidente do Poder Legislativo. Já Roberto Mesquita (PSD) destacou que a disputa entre os dois nomes à presidência é "altamente saudável para a democracia", visto que a Casa passa a ter mais autonomia. "Em tese, seria bom que o governador não participasse, mas o ideal é que a própria Casa tenha autonomia para escolher seu presidente".