Pelo menos três veículos do Exército cumpriam ronda pelo Pirambu na manhã de ontem, em meio a uma intensa movimentação pelas principais ruas do bairro. Na Escola Flávio Marcílio foram registradas diversas denúncias de boca de urna e os advogados dos partidos identificaram dois fiscais com adesivos de candidatos. A poucos quarteirões da escola, Carlos Pinheiro da Silva, 21 anos, morreu após ser atingido por um tiro que acertou a parte inferior do coração do jovem.
O crime teria ocorrido em decorrência de uma suposta discussão com outro eleitor. O autor do disparo, conforme nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), é soldado da Polícia Militar. Ele se apresentou, na tarde de ontem, à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). O nome do policial não foi divulgado pela pasta até o fechamento desta página.
Segundo a irmã da vítima, Carlos saiu de casa por volta das 10 horas para comprar churrasquinho. Na volta, portando uma bandeira de Roberto Cláudio (PDT), teria discutido com o motorista de um Crossfox Preto que estaria adesivado com propaganda de Capitão Wagner (PR). Carlos Pinheiro morreu a caminho de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Na nota, a SSPDS informou que apura a motivação do homicídio.
Trocas de insultos
O dia também foi tenso para os eleitores do bairro Demócrito Rocha. Na Praça do Marupiara, ao lado da Escola Senador Fernandes Távora, dois grupos começaram a discutir depois que a presidente de uma das mesas chegou a sessão com camisa que fazia referência a um dos candidatos. O Exército foi chamado algumas vezes para evitar confrontos e dispersar os grupos. Quando a força policial se afastava, as discussões voltavam a acontecer.
Enquanto isso, o domingo parecia transcorrer normalmente na outra ponta da Cidade, exceto pela tímida presença do fortalezense nas praias — o pleito não afetou pedaladas, caminhadas e banhos de mar — e por ocasionais bate-bocas travados por eleitores, advogados de partidos e policiais militares nos locais de votação.
Durante a manhã, no Colégio Padre José Nilson, no Mucuripe, duas eleitoras de candidaturas contrárias trocaram ofensas ao mesmo tempo em que dois homens, também divergentes, estufavam o peito um para o outro e se agrediam verbalmente. Tudo isso pouco após advogados do PDT e do PR dispersarem grupo de seis pessoas que, vestidas com camisetas de uma só cor, davam indícios de boca de urna.
Houve tensão também entre policiais militares e advogados de Roberto Cláudio em frente ao Colégio Farias Brito, na Aldeota. A confusão teria ocorrido após agentes e juristas tentarem se intimidar. Quando o Exército chegou para apurar o problema, o assunto já havia se resolvido.
SAIBA MAIS
Capitão América
Entre crianças e adultos, também foram vistos em quase todas as zonas pessoas vestindo a blusa do personagem Capitão América. Em alguns casos, a presença de grupos com a vestimenta foi o pivô das discussões.
Santinhos
Nas calçadas dos locais de voto, chamou atenção a grande quantidade de material impresso do Roberto Cláudio (PDT).