A vitória de Roberto Cláudio (PDT) na disputa pela Prefeitura de Fortaleza pode ser explicada a partir de dois eixos: o político e o administrativo. Ambos, claro, com forte ligação. No primeiro caso, RC conseguiu amarrar a maior aliança partidária destas eleições, com 18 partidos, o que garante um exército de candidatos a vereador - eleitos ou não - e lideranças comunitárias atuando nas mais diversas áreas da Cidade, entrando em locais onde poucos têm acesso. Além disso, escolher Moroni Torgan (DEM) como vice em sua chapa foi fundamental para amenizar a força de Capitão Wagner (PR) na periferia, apesar da certa rejeição que provoca em relação ao campo mais identificado com a esquerda. Junte a esse cenário a segunda campanha mais cara do País, além do fato de ter a máquina municipal nas mãos e o apoio do governador Camilo Santana (PT).
Em termos de gestão, RC foi estratégico. Conseguiu aliar obras simples, mas de considerável impacto, a grandes intervenções em áreas nobres. No setor da mobilidade, ciclofaixas, faixas para ônibus e o Bilhete Único elevaram a Capital a um novo patamar em termos urbanísticos. Túneis e viadutos ajudaram a colar nele a imagem de tocador de obras, garantindo a larga vantagem conquistada em bairros como Aldeota, Meireles, Cidade 2000, Papicu e Cocó. Em zonas mais afastadas e adensadas da Cidade, o governo reformou praças que há anos não recebiam nem uma demão de tinta, trouxe iluminação de LED e construiu as famosas Areninhas. Os efeitos dessas iniciativas acabam sendo extraordinários, refletindo-se diretamente em votos. Com o início do horário eleitoral, Roberto Cláudio pôde levar ao grande público essas realizações e diminuir de forma drástica sua rejeição.
Entretanto, mesmo diante de todas essas condições positivas, não é possível afirmar que o atual prefeito teve uma reeleição fácil. A diferença entre ele e seu adversário foi praticamente a mesma de quatro anos atrás, quando derrotou Elmano de Freitas (PT) por 53,02% contra 46,98% do petista. Ou seja, não conseguiu ampliar sua força política em Fortaleza. Teve um opositor de peso, é bem verdade, mas os problemas na administração são múltiplos, principalmente na saúde. Não dá para enfrentar, por exemplo, a falta de remédios nos postos no fim de um governo, com uma central de medicamentos arrumada de última hora. É um grave desrespeito com a população. Que pelos próximos quatro anos algumas prioridades sejam invertidas, garantindo mais qualidade de vida aos moradores.