Tendências para Roberto Cláudio e Elmano
Para além das intenções de voto, as últimas pesquisas trazem várias informações promissoras para Roberto Cláudio, mas pelo menos uma preocupação. O candidato do PSB é o mais citado como segunda opção de voto, ao lado de Moroni Torgan (DEM), embora a diferença esteja dentro da margem de erro em relação a Elmano de Freitas (PT). Dos eleitores que admitem mudar de candidato, 15% teriam Roberto Cláudio como alternativa preferencial, mesmo índice de Moroni. Já Elmano de Freitas (PT) é a segunda opção de 12%. Ao serem apontados como preferidos dos eleitores que ainda estão balançando, há aí sinalização – nesse dado, visto isoladamente – de que os três candidatos do grupo de cima podem abrir vantagem ainda maior em relação aos demais. Entretanto, o percentual mais elevado dos que cogitam ainda trocar de candidato – 18% - é dos que não sabem quem poderia ser favorecido com a eventual migração. Ou seja, ainda há muito em aberto.
Além disso, Heitor Férrer, com 11% das preferências como segunda opção, também apresenta boas perspectivas de se intrometer no possível monopólio do trio de líderes. Inácio Arruda (PCdoB) é a segunda opção de 10%, mas o seu desempenho, no conjunto, é desalentador. A questão para os candidatos da máquina, recém-apresentados à maioria dos eleitores, é que novidades e quais novas armas terão a apresentar para conseguir atrair novos eleitores. O efeito inicial de sua exposição era previsível e mais simples. Agora, precisarão mostrar mais.
O VOTO ATRAÍDO E O ASSEGURADOO motivo para preocupação de Roberto Cláudio é o baixo índice de consolidação de seu voto: 47% de seus eleitores admitem mudar de candidato, contra 33% tanto de Elmano, quanto de Moroni. O percentual do candidato do PSB só fica acima do de Inácio. Indicativo de que ainda precisa assegurar os votos atraídos, mas ainda um pouco soltos. A avaliação positiva do seu horário eleitoral, que supera a de todos os demais, é a arma para que isso ocorra. Já para o petista, mais até que a consolidação do voto, a melhor notícia é a recuperação da avaliação da prefeita Luizianne Lins (PT). A HOMENAGEM DO GOVERNO E A DOAÇÃO AO CANDIDATOO ex-deputado federal Etevaldo Nogueira, que dá nome ao recém-inaugurado espaço cultural do estádio Castelão, foi presidente e é o patriarca da família que comanda a Construtora Marte. Que vem a ser a mesma empresa que cede, sem ônus, o imóvel que abriga o comitê de campanha de Roberto Cláudio (PSB) e onde já se instalou o comitê do governador Cid Gomes (PSB), em 2010. O ex-deputado foi figura destacada da política, do meio empresarial e da sociedade cearense. Não se trata de discutir a relevância de sua atuação. Mas são evidentes os conflitos de interesses numa homenagem feita pelo Governo do Estado, em plena campanha eleitoral, ao homem que comandou o grupo empresarial que é doador do candidato apoiado por essa mesma administração. Sobretudo quando se considera que, a despeito do pontual envolvimento com o time do Ferroviário, não foi no futebol que Etevaldo fez história. Haveria outras tantas personalidades cujo vínculo com o esporte e a cultura justificariam muito mais dar nome ao espaço cultural. E o próprio Etevaldo, que fez jus a legítimas homenagens, não merecia estar envolvido com deferência absolutamente questionável e possível de ser confundida com interesses e relações eleitorais inadmissíveis.
Ao governo e ao candidato, muito mais que à mulher de César, não basta ser honesto, é preciso parecer honesto.
OS DOADORES PETISTAS E AS LIÇÕES DO MENSALÃOTerminou ontem o prazo para apresentação da segunda prestação de contas parcial dos candidatos a prefeito. Em Fortaleza, a grande expectativa é em relação a Elmano de Freitas (PT). No primeiro mês de eleição, ele declarou R$ 429,5 mil em despesas contratadas e ridículos R$ 5 mil em receitas. Um prejuízo de R$ 424,5 mil. A arrecadação é patética e inverossímil. Um partido com o tamanho do PT atraiu um solitário doador. Renato Roseno (Psol) arrecadou seis vezes mais. Heitor Férrer (PDT) e Marcos Cals (PSDB) apuraram, cada um, 20 vezes mais. Inácio Arruda (PCdoB), 30 vezes mais. Moroni Torgan (DEM), 40, e Roberto Cláudio (PSB), 190 vezes mais. A arrecadação, evidentemente, não condiz com o volume de campanha do PT – sobretudo uma candidatura que contratou Duda Mendonça. Se o Ministério Público informa que estará atento a discrepâncias entre gastos declarados e a realidade das ruas, aí está um primeiro aspecto a merecer atenção detida. Como O POVO mostrou sábado, o PT diz que essa dificuldade não se restringe a Fortaleza e chega até à milionária campanha paulistana. O que é fundamental é que o partido, como todo, demonstre ter aprendido as lições do mensalão, cujo julgamento está em andamento. E no qual, no mínimo, houve crime confesso de caixa dois. E, pela posição que os magistrados vêm adotando, muito mais por trás disso.