A importância, conforme observou, ocorre pelo fato de o complexo, formado por 12 casarões, três casas de pólvora, um cemitério e uma barragem, ter sido um campo de concentração da década de 1930.
O parlamentar explicou que a ideia era impedir a chegada de flagelados da seca à Fortaleza, durante uma grande seca que houve no início dos anos 1930. Assim como este, outros dois campos de concentração existiram em Fortaleza, para comportar a chegada de retirantes na Capital nesse período.
A importância de chamar atenção para o assunto, segundo ele, é perceber que esse momento “sombrio” refletiu na formação de Fortaleza e em uma cultura de exclusão que existe até hoje na cabeça das pessoas.
“Houve um debate na época sobre a chegada dessas pessoas que fugiam da seca, e boa parte da burguesia fortalezense era contra a vinda deles ou seu trânsito pelo centro urbano, por isso foram criados campos às margens de duas vias férreas, área por onde eles chegavam dos municípios do Interior”, explicou.
Queiroz Filho disse que ideia de afastar os retirantes dos centros urbanos teve como consequência principal a aglomeração nas periferias da cidade, formando e expandindo o número de favelas na Capital.
Queiroz Filho afirmou que é muito importante ter esse momento da história em mente no momento de fazer críticas a algumas ações dos governos. o deputado tomou, como exemplo, a implementação do binário nas avenidas Dom Luís e Santos Dummont, realizada pelo prefeito Roberto Cláudio.
Segundo ele, o prefeito recebeu críticas dizendo que ele só promove ações nos bairros nobres da cidade, em detrimento dos periféricos. “Se pensarmos um pouco, vamos ver que 30% das linhas de transporte público da Capital passam por essas duas avenidas. A ideia era justamente dar celeridade no transporte para os trabalhadores que usam o transporte público. Os críticos provavelmente esquecem que há uma parcela da população que gasta, muitas vezes, quatro horas por dias em transporte público se deslocando para o trabalho”, alertou.
Queiroz Filho também frisou que a lembrança desse momento histórico e essa consciência devem guiar as ações das gestões futuras. “Projetos como o de dessalinização da água do mar, por exemplo, são ideias que devem ser incentivadas, por mais complexa que possa ser, pois evitará que nas secas futuras não voltemos a essa prática, que acabou por contribuir para a divisão social em que vivemos hoje em dia”, avaliou.
PE/AT