Um terço dos secretários do governador Camilo Santana (PT) deixou o primeiro escalão estadual para disputar uma cadeira no Legislativo. Boa parte vai tentar assumir mandato na Assembleia Legislativa, engrossando as fileiras da base aliada do petista. Enquanto outros tentarão vaga na Câmara dos Deputados.
Entre a última sexta-feira, 5, e ontem, oito secretários foram exonerados. Fernando Santana, secretário-adjunto do gabinete do governador, também deixou o Palácio da Abolição para participar da disputa de outubro. As saídas foram publicadas no Diário Oficial do Estado.
A dança das cadeiras, que teve como protagonista o processo eleitoral, deverá alterar a chefia de 30,7% das pastas estaduais. As exonerações foram feitas na data limite permitida pela legislação eleitoral. Nos bastidores, o governador Camilo conversa com a base para acertar os últimos detalhes das substituições. Ainda não há previsão do anúncio dos novos nomes.
Uma dessas conversas é com o próprio partido. O PT, que nos últimos anos chefiou a Secretaria do Desenvolvimento Agrário — inclusive com o próprio governador quando deputado estadual — aguarda definição sobre o substituto de Dedé Teixeira, que vai disputar reeleição.
Pelo menos quatro nomes disputam uma das pastas com maior capilaridade política do Governo. Felipe Pinheiro, atual secretário-executivo da pasta, Francisco de Assis Diniz, presidente estadual do PT, Ana Tereza, ex-prefeita de Jaguaruana e Zé Leite, ex-prefeito de Barbalha, aguardam o anúncio de Camilo. “Não podemos abrir mão de deixar um nome do PT na secretaria”, assegurou o deputado estadual Moises Braz (PT).
Quem também vai tentar manter poder sobre uma das secretarias é o PCdoB, que terá de substituir Inácio Arruda na Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior. Ele quer voltar a ser deputado federal. “O cargo é do partido. Evidente que o Governo tem o direito de vetar. Mas acredito que nós vamos continuar no Governo indicando pessoas que têm responsabilidade e disciplina para participar da gestão”, disse o deputado federal Chico Lopes (PCdoB).
SECRETÁRIOS EXONERADOS
JESUALDO FARIAS
Ex-reitor da Universidade Federal do Ceará, Jesualdo assumiu a Secretaria das Cidades do Governo Estadual com pensamento de ser candidato a deputado federal. Apesar da exoneração, o ex-secretário não deve entrar na disputa.
MAURO FILHO
Derrotado para a eleição de senador em 2014, então filiado ao Pros, o ex-secretário vai tentar uma vaga de deputado federal, na Câmara dos Deputados. Pelo forte apadrinhamento dos irmãos Ferreira Gomes, é dado como eleito nos bastidores.
NICOLLE BARBOSA
Ligada ao setor empresarial do Estado, a ex-secretária, que chegou a declarar intenção de ser candidata ao Governo Estadual em 2014 — o que não ocorreu —, vai tentar, em outubro, ser deputada estadual.
FERNANDO SANTANA
Apadrinhado pelo governador, Fernando Santana deixou o posto de secretário-adjunto do Gabinete de Camilo Santana para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Ceará. Fernando foi candidato à Prefeitura de Barbalha com apoio do Governo, mas foi derrotado.
INÁCIO ARRUDA
Com duas derrotas consecutivas — para a Prefeitura de Fortaleza e Câmara dos Deputados —, o ex-senador quer voltar à Brasília, dessa vez como deputado federal. O PCdoB é aliado do governador Camilo Santana e do prefeito Roberto Cláudio.
ANTÔNIO BALHMANN
O deputado se licenciou da vaga de deputado federal em Brasília para assumir posto na gestão estadual. Agora, deixa o Governo para garantir o próximo mandato na Câmara dos Deputados.
DEDÉ TEIXEIRA
O petista deixa a Secretaria do Desenvolvimento Agrário, de forte apelo social, para tentar vaga na Assembleia Legislativa. O deputado estadual ficou na suplência em 2014 e busca retomar a vaga sem depender de articulações do Governo.
IDILVAN ALENCAR
Com um grande poder de articulação no interior do Estado, junto às escolas e professores de dezenas de municípios, é um dos nomes fortes para assumir uma vaga na Assembleia Legislativa. Tem o aval do Palácio da Abolição.
JOSBERTINI CLEMENTINO
O ex-secretário vai apostar no trabalho desenvolvido na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social para se cacifar como um dos representantes na Assembleia Legislativa. É uma das armas do governo para manter a base aliada forte.
WAGNER MENDES