Candidato, de novo?       Ontem, uma notícia para tirar do marasmo o clima político-eleitoral do Ceará: o Capitão Wagner (PR), depois de muito vai-não-vai e cisca-cisca, teria aceito o desafio de enfrentar o governador Camilo. Abandona candidatura à Câmara dos Deputados, com eleição assegurada, por uma batalha perdida. Wagner poderia imitar Armando Falcão, do PSD, que, em 1954, ao enfrentar Paulo Sarasate, da UDN, candidatou-se simultaneamente à Câmara dos Deputados, atirando no que via e elegendo-se ao que não queria. Perdeu o Governo, mas escapou ganhando o mandato legislativo, que foi a sua sorte. Foi parar no Rio de Janeiro e de lá nunca mais cá veio, a não ser nas eleições. Projetou-se no cenário nacional, voluntariando-se seguidor dos militares, tornando-se uma das eminencias pardas da revolução. Foi tudo o que quis ser sem ter nada a declarar. Hoje, a legislação não permite essa colher-de-chá para suicidas. A decisão do Capitão foi fruto de um encontro a quatro paredes e nada faz crer que será duradoura. A crônica política especula tratar-se de balão de ensaio, o que é bem provável. Com o crescimento de Camilo Santana, a oposição decidiu botar as unhas de fora para dizer que existe. A chapa anunciada não inspira a menor confiabilidade, posto que só o candidato tem poder de fogo eleitoral. O resto é de total vazio: ninguém tem voto, a exceção de Domingos Filho, que, com certeza, não renunciará à boca rica da cômoda aposentadoria do TCM em troca de uma aventura contra dinossauros. Pelo sim, ou pelo não, vai ficar feio se não sair uma chapa pra disputar as eleições. Serviram café frio na casa do Roberto Pessoa.