Zezinho Albuquerque diz que o tema será pautado em reunião da Mesa Diretora amanhã
( Foto: Thiago Gadelha )
Cobrança recorrente de deputados da oposição no ano passado, e que agora volta à tona, diante das recentes chacinas ocorridas no Estado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o tráfico de drogas no Ceará permanece "na gaveta" em mais um ano, na Assembleia Legislativa. Na última sexta-feira (2), durante a abertura do ano legislativo, o governador Camilo Santana (PT) se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto, e disse ao Diário do Nordeste que apoia a instalação do colegiado para debater o problema.
O presidente da Casa, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), por sua vez, se mostrou contrário à iniciativa por entender que a questão é de competência do Governo Federal. Segundo ele, no entanto, a Mesa Diretora da Casa se reunirá amanhã (6) e vai discutir o assunto.
Ao tratar dos recentes episódios de violência, Camilo vem enfatizando, em pronunciamentos, que o tráfico de drogas é um dos principais motivadores das ações de facções criminosas. Uma de suas principais cobranças ao Governo Federal é, justamente, por mais proteção das fronteiras do País. O pedido de instalação da CPI do narcotráfico tramita na Assembleia desde 2015. De lá para cá, várias promessas para a instalação do colegiado foram feitas, no entanto, a proposta perdeu força e tende a ser arquivada até o fim do ano.
Segundo Zezinho Albuquerque, alguns parlamentares retiraram as assinaturas da proposta. Para ele, a questão deve ser tratada no âmbito nacional. "Na minha avaliação, mas isso aqui é um colegiado e é ele que vai decidir, a CPI tem que ser feita pelo Congresso Nacional. A CPI que já foi feita no Congresso não teve o resultado esperado; imagine uma CPI estadual, onde nós não temos meios, nem podemos fazer solicitações pelo que é constitucional. Se você pedir informações a setores do Governo Federal, eles não têm como mandar para o nosso Estado", justificou.
Camilo Santana, por outro lado, disse que é favorável à instalação da CPI para apurar o narcotráfico no Estado, "independente dos deputados serem aliados ou não". O governador considera que, a partir dessa iniciativa, a Assembleia poderia "aprofundar a discussão" sobre o tema da Segurança Pública. "A Assembleia daria uma contribuição no debate, chamando as instituições, aprofundando a discussão. A partir daí podem sair sugestões, orientações para serem implementadas no Estado. É nesse diálogo que a gente constrói as saídas", avaliou.
Energia
Já a vice-governadora do Estado, Izolda Cela (PDT), pondera que é preciso que os três poderes analisem a efetividade da proposta de CPI. "Se vier a bem do desafio que precisamos enfrentar, ótimo. Se não, se for dispersão de energia, de força, nesse momento importante?".
Por outro lado, Zezinho Albuquerque avalia que a Assembleia pode contribuir de outra forma no debate sobre Segurança, promovendo um seminário que reúna diferentes instituições para tratar do tema. "Penso em fazer um seminário e, para isso, precisa do colegiado, para que possamos discutir aqui na Assembleia, com a sociedade, a Segurança não só no nosso Estado, mas no Nordeste, convidando presidentes de assembleias, ministérios públicos de outros estados".