O vereador Dummar Ribeiro (PPS) se contrapôs ao relatório do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, que foi apresentado na Câmara Municipal de Fortaleza, no início deste mês, pelo deputado estadual Renato Roseno (PSOL), também presidente do colegiado.
O relatório traz um diagnóstico que coloca o município de Fortaleza e o Estado do Ceará no ranking de assassinatos de adolescentes, conforme divulgação do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) entre as capitais do Brasil.
Ontem, o vereador subiu à tribuna da Câmara e rebateu vários pontos do relatório, inclusive a metodologia utilizada pela pesquisa. O parlamentar, porém, sugeriu que atividade científica deveria incluir desde o relato dos pais dos adolescentes envolvidos, hoje, na criminalidade, até ao diagnóstico de que há um alto índice de crimes contra homossexuais.
Além disso, Dummar Ribeiro discordou da comparação do índice de violência entre Fortaleza e Portugal, além da afirmativa de que as armas usadas pelo crime são adquiridas, em sua maioria, de assaltos à vigilantes, policiais e cidadão comum.
“Os crimes são cometidos com pistolas ponto quarenta, nove milímetros, e o cidadão não tem acesso a essas armas. Essa pesquisa está fora do contexto, da realidade”, frisou o parlamentar. Ele finalizou dizendo que “o deputado não é o mestre da sabedoria, como ele também não é”, mas, segundo ele, para combater a criminalidade é preciso que se invista em programas sociais, em escolas de tempo integral e principalmente na geração de emprego e renda.
Defesa
Renato Roseno, entretanto, saiu em defesa do trabalho realizado pela Assembleia. “Foram feitas duas pesquisas de campo com familiares e adolescentes envolvidos em homicídios, além de grupos focais com profissionais diversos, inclusive de Segurança Pública”, frisou Renato Roseno, em entrevista ao jornal O Estado.
O parlamentar lembrou, ainda, que a “base de dados tem rigor científico e foi coordenada por instituições com competência reconhecida”. Ele também sugeriu a leitura “minuciosa” do relatório. Mas, finalizou dizendo ter ficado “muito feliz” em saber que a ideia central, que é investir em prevenção, foi entendida.
Mais
O Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência elaborou 12 recomendações, partindo de evidências de vulnerabilidades, para prevenir assassinados de adolescentes no Estado, após pesquisa de campo nos municípios de Fortaleza, Sobral, Maracanaú, Caucaia, Eusébio, Juazeiro do Norte e Horizonte. O esforço para que as recomendações sejam seguidas envolve colaboração de instituições do Poder Público (Executivo, Legislativo e Judiciário), empresas do setor privado, organizações não governamentais e sociedade civil.