Há 12 anos residindo na rua Santo Amaro, no Planalto Ayrton Senna, a costureira Amélia da Silva, 66, até hoje não sabe em que cidade mora. “Às vezes aqui é Maracanaú, às vezes é Fortaleza”. A dúvida se estende entre moradores da região e dura mais de 33 anos, desde que o Município vizinho à Capital foi emancipado. A expectativa das duas prefeituras é de que ainda neste ano sejam estabelecidos limites precisos para as duas administrações. Os trabalhos devem começar nesta semana, quando técnicos dos dois municípios vão se reunir para iniciar estudos sobre a zona limítrofe.     Para os moradores, a dificuldade começa ao tentar solicitar serviços públicos. Água e energia são na Capital. Atendimento médico fica sob responsabilidade de Maracanaú. Mas o maior problema são as obras de infraestrutura. “Aqui a gente cansa de esperar. O que tem de benfeitoria é feito clandestinamente pelos moradores”, diz Amélia.     Uma das hipóteses criadas por Amélia é de que a rua onde mora separa as duas cidades. “Do meio para lá é Maracanaú. Para cá, Fortaleza”, afirmou. Já na avenida Nova Fortaleza, perpendicular à Santo Amaro, a suposição é outra: “É esta avenida que define. Tanto que tem uma escola da Prefeitura de Fortaleza aqui. Não tem como ser Maracanaú”, garante a comerciante Maria Freire, 54.     Descartando as hipóteses, Luiz Carlos Mourão, presidente da Comissão de Criação de Novos Municípios, da Assembleia, esclarece que a definição dos limites é feita por coordenadas geográficas. Desde que Maracanaú ganhou autonomia, uma linha imaginária passou a separar os dois espaços. Na época, a área onde chegava ao fim um território e começa outro era pouco habitada. Contudo, atualmente, a divisão corta ruas, casas e prédios públicos. “Tem casa que é metade de um lado e metade do outro”, resume.     Prefeituras   Conforme o secretário da Infraestrutura de Maracanaú, Carlos Eduardo Borges, a preocupação dos dois municípios é se houver investimento em áreas além daquelas que administram, pois isso pode acarretar punições por órgãos fiscalizadores.      Na semana passada, os prefeitos das duas cidades se encontraram. Conforme a Prefeitura de Fortaleza, a reunião retomou as conversas entre os dois gestores. Nesta semana, nova reunião deve iniciar as atividades do grupo de trabalho criado pelas gestões.     Os técnicos devem aproveitar estudos preliminares da Assembleia Legislativa para definir o novo traçado. A expectativa, segundo Borges, é que, até o fim deste ano, haja um acordo.