O repasse, de acordo com o parlamentar, gira em torno R$ 2 milhões. “É uma matéria antipática, por causa da crise financeira no Estado, que afeta a saúde pública, causando, inclusive, a falta de medicamentos”, avisou.
Heitor Férrer acentuou que o setor de oftalmologia do Estado, que deveria tratar os pacientes com descolamento de retina, a um custo aproximado de R$ 2,5 mil cada, não vem realizando as cirurgias porque não há recursos. "Em cinco dias, o paciente fica cego, se não for devidamente tratado. E é o que está acontecendo", disse.
Há também, conforme explicou o socialista, cerca de 12 mil pessoas esperando cirurgias de todas especialidades, mas estas não são feitas por falta de recursos. “O Instituto de Câncer tem mais de 300 pessoas na fila por um atendimento, e não chegarão ao tratamento, porque morrerão antes, por falta de recursos. Diante dessa situação, não podemos permitir que o Governo do Ceará aprove repasse de quase R$ 2 milhões para times de futebol. Quem tem de sustentar são os torcedores e os patrocinadores”, avaliou.
O parlamentar informou que a Confederação Brasileira de Futebol, em 2014, recebeu, a título de patrocínio, por direito de transmissão de partidas de jogos realizados e de receitas eventuais, R$ 519 milhões. “A entidade tem mais dinheiro que muitos ministérios do Governo Federal. Ela que deveria promover os repasses para os times, e não o Governo do Estado" acrescentou.
O parlamentar acentuou que gosta muito de futebol. Mas são os torcedores que devem custear as despesas dos times, e não o contribuinte cearense, na sua opinião. “Não é justo tirar um paciente de uma cirurgia para transferir o dinheiro a um clube de futebol. Acho que o governador Camilo deve pensar mais”, afirmou.
O deputado também citou o editorial do jornal O Povo de hoje, intitulado “Gol contra”, criticando a possibilidade de transferência de recursos públicos para time de futebol. “É um ato tresloucado”, disse.
Em aparte, o deputado Ely Aguiar (PSDC) considerou a mensagem do Governo “um delírio de quem está com febre”. Lembrou que há uma greve de policiais civis, a Santa Casa está agonizando, e, mesmo assim, o governador manda mensagem para dar dinheiro para o futebol. “Temos jogador de futebol ganhando salário de R$ 130 mil e ainda fica no banco. Esses clubes recebem pela venda de ingresso, patrocínio, sócio-contribuinte e direito de transmissão”, lembrou
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) disse que é preciso observar com coerência e racionalidade o problema. “Devemos ver que a fonte vem do Fundo do Esporte Amador. Mas, diante do momento em que o País vive, a gente precisa priorizar saúde, segurança, educação e recursos hídricos.”
O deputado Capitão Wagner (PR) disse que o Governo tem utilizado os recursos sem muita responsabilidade. “Verificamos no Diário Oficial que um secretário gasta R$ 31 mil para passar seis dias na Europa. Não vimos nesta gestão qualquer empenho do Governo em combater a seca, a questão da saúde e da segurança pública.”
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