A demora e a ineficiência do atendimento nos postos de saúde de Fortaleza foi tema de destaque entre deputados estaduais, na sessão de ontem, da Assembleia Legislativa. Na ocasião, os parlamentares repercutiram reportagem, veiculada no jornal O Estado, da edição da última terça-feira (2). O deputado Capitão Wagner (PR) levou o assunto à tribuna e criticou a gestão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), onde ponderou ser um “avanço”, RC reconhecer para a imprensa que há falhas na rede de saúde primária e que voltará a visitar os postos de Fortaleza. O pronunciamento do deputado abriu o debate na Casa, acerca da necessidade de se garantir o atendimento nos equipamentos e a importância de cumprir com as promessas de campanha.
“Quero parabenizar ao prefeito Roberto Cláudio, de ter reconhecido publicamente a ineficiência e a inoperância do sistema de saúde de Fortaleza. O reconhecimento é o passo inicial que o Prefeito dá, na tentativa de tentar resolver os problemas. Isso nos dá esperança de que ele pode resolver essas problemáticas, tendo em vista que essa área foi sua bandeira de campanha”, disse ao abrir o discurso.
A matéria “Espera e revolta nos postos de saúde”, publicada por O Estado, denunciou a lentidão na demora nos atendimentos, o que tem levado a população a bancar exames e procedimentos na rede particular e, consequentemente, ter o quadro clínico agravado. Diante da situação, a reportagem ouviu vários personagens que se mostram indignados e revoltados com a situação.
A matéria ressaltou ainda que, dentre os principais problemas apontados pelos fortalezenses, a saúde aparece em primeiro lugar no ranking, segundo pesquisa do Ibope, divulgada em setembro deste ano. De acordo com o levantamento, 70% dos entrevistados apresentaram insatisfação nesse setor, considerado muito frágil na cidade.
Só promessas
Capitão Wagner ainda salientou dados da reportagem que apontam as promessas de campanha do prefeito, e o que foi cumprido até hoje. “Dentre as promessas eleitorais, vale ressaltar que a maioria dizia a respeito de construções. O prefeito prometeu que iria construir um posto de saúde em cada bairro que não tivesse uma unidade de atenção primária, a matéria aponta a construção de 52 postos, mas 2 anos e 11 meses de gestão, apenas um foi construído e entregue à população de Fortaleza”, disse o republicano, dando conta, ainda, de que das 11 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), três foram construídas, mas ainda não entraram em funcionamento, como a UPA do Vila Velha.
“O reconhecimento se deu depois que seu padrinho político deu uns puxões de orelha tendo em vista que as pesquisas apontam 70% da população de Fortaleza insatisfeita com a saúde”, acrescentou. No entanto, a pouco mais de um ano do fim de seu mandato, o cumprimento das promessas se arrasta mês a mês.
A matéria destacou ainda a construção de uma policlínica, em uma área vizinha ao Hospital e Maternidade Doutora Zilda Arns Neumann, contudo, a previsão de inauguração é para agosto de 2016.
O deputado defendeu a importância de manter os hospitais já existentes em funcionamento, antes de construir novos, e também cobrou dos gestores municipal e estadual “mais responsabilidade na hora de fazer promessas ao cidadão”.
Prioridade
O pronunciamento do deputado Capitão Wagner levou outros parlamentares a debater sobre o assunto. “A prioridade do Roberto Cláudio não é o ser humano, é sim, a obra. E mesmo assim, na questão de obras, ele tem deixado a desejar’, criticou o deputado Danniel Oliveira, que salientou outros problemas da cidade como a redução de 30% da coleta de lixo. “Esqueceram do principal, de colocar médicos e remédios nos hospitais”, pontuou.
Outro peemedebista, o deputado Agenor Neto salientou que a problemática da saúde também se agrava no interior do Estado e ressaltou que a bancada de oposição tem feito seu papel de forma contributiva, “não fazendo oposição por oposição”.
E mais
Já o deputado Elmano Freitas (PT) criticou a fala de RC, ao justificar a ineficiência da saúde, tendo em vista a redução de verbas federais para a Capital. “Esse argumento não se fundamenta. Em 2012, a União repassava para a pasta da Saúde da Prefeitura de Fortaleza, R$ 712 milhões. Em 2014, esse valor subiu para R$ 767,8 milhões. Ou seja, recebe, pelo menos, R$ 55 milhões a mais que a gestão anterior, então é uma defesa que não se sustenta”, apontou.