Já projetando disputarem a Prefeitura de Fortaleza no próximo ano, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) e Heitor Férrer (PSB) protagonizaram uma peculiaridade na disputa política em 2016. Os dois voltam a se enfrentar, mas, agora, os partidos foram invertidos. Isso porque, em 2012, Ferrer disputou a chefia do Palácio do Bispo pelo PDT, ficando em terceiro lugar e quase chegando ao segundo turno. Na época, RC foi eleito pelo PSB. No ano que vem, no entanto, o atual prefeito disputará a preferência do eleitor com o número 12, e Férrer com o 40. Números das legendas na urna eletrônica.
A troca partidária ocorreu devido a migração de Roberto Cláudio do Pros para o PDT, no mês passado. A decisão pôs para escanteio Heitor Férrer, que esperava ser candidato pelo partido novamente no próximo ano.
“O 40, hoje, certamente, está mais enxuto, mais magro, porque não somos Governo ainda, mas temos nos fortalecido com a credibilidade. O partido tem na sua história, nome fortalecido por conta da campanha recente, e isso dá um alento muito grande a sociedade. Nós, somos verdadeiramente o novo. Não seremos uma promessa da venda daquilo que não pode ser feito”, disse Heitor, acrescentando que a legenda trabalhará para apresentar a sociedade fortalezense propostas “exequíveis”, “palpáveis” e, assim, “todos possam sentir sinceridade nos propósitos”.
Pelo PSB, o parlamentar tem o compromisso de continuar sendo oposição ao Governo do Estado. Na semana passada, o deputado foi empossado à frente do diretório municipal e recebeu a missão de reestruturar o partido visando o pleito de 2016.
Para o secretário de Assuntos Internacionais do Governo do Ceará, Antônio Balhmann, esses rearranjos políticos não influenciarão a viabilidade das proposituras eleitorais do ano que vem. Segundo ele, o elemento essencial da disputa será a “administração” do prefeito Roberto Cláudio e, isso vai refletir nas negociações com a base. “Não vai alterar, nada. No Brasil, a questão partidária ficou tão desprovida de essência, que acaba se firmando os nomes e não os partidos”, salientou. Balhmann, por sua vez, elogiou o aliado, citando obras desenvolvidas pela gestão municipal.
Sem transtornos
A professora do Centro Universitário Estácio do Ceará e cientista política, Carla Michele Quaresma, também acredita que o “troca-troca” não causará transtorno ao eleitor, mas demonstra uma “fragilidade da representação partidária”. “Do ponto de vista ideológico, eles são muito próximos, pois defendem o chamado a social democracia. Do ponto de vista prático, a participação partidária é muito baixa e, no caso do Heitor, seu nome está acima do partido. Da mesma forma, o prefeito Roberto Cláudio, que faz parte de grupo político com um grande capital eleitoral”, analisou, ressaltando que a “formação das coligações” será elemento mais forte na disputa. “Se os partidos de oposição se unirem, talvez, isso gere uma polarização maior na disputa”, finalizou.