“Já não sei mais a quem apelar”. Afirmou, indignado, o deputado Wellington Landim (PSB), ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará, ao tratar da má qualidade dos serviços de telefonia móvel no Ceará. “O Ministério Público não faz nada, Justiça não faz nada, porque estamos lidando com quem tem muito dinheiro, e o povo que se exploda”, desabafou.
De acordo com o parlamentar, nenhum órgão de defesa do consumidor consegue mediar o problema e, no Ceará, a Anatel só “serve para fechar rádios comunitárias. Para cuidar dos direitos do consumidor, ela não existe.”. E completa: “A decepção é grande com o Ministério Público, Decon, Procon. São pessoas simples reclamando das dificuldades, e as operadoras tendo bilhões de lucro”, disse.No Ceará, o número de aparelhos móveis já supera o número de habitantes. São quase dez milhões de linhas, informou Wellington. O parlamentar destacou ainda que a diferença entre o preço e a qualidade dos serviços ofertados no Brasil e no Exterior é exorbitante. O deputado Leonardo Pinheiro (PSD) afirmou que a má qualidade dos serviços das operadoras telefônicas converte-se em perdas para a economia do Estado.
Há quase um ano, no dia 11 de maio de 2011, ocorreu uma audiência pública na Assembleia Legislativa solicitada pelo deputado Wellington Landim, para discutir o mesmo tema - os péssimos serviços das operadoras de telefonia no Ceará, com a participação de representantes da Anatel, Decon e Procon da Assembleia Legislativa, mas, nenhuma medida concreta foi tomada.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou, na semana passada, uma determinação que obriga a empresa Oi a melhorar os serviços de telefonia no Ceará, por conta da alta incidência de interrupção nas ligações, que deve ser reduzida em 53% entre maio e dezembro deste ano. Caso a instituição não atenda à medida, ela poderá pagar uma multa de até R$ 20 milhões. Além disso, a empresa terá que conceder créditos a todos os usuários que sofreram a interrupção do serviço.
Usuários reclamamnas redes sociaisDentre os principais problemas, destaca-se uma promoção lançada recentemente por uma operadora que promete ligações “ilimitadas”, mas que - segundo desabafos de usuários na internet - por receber uma grande demanda, a empresa não consegue manter a qualidade dos serviços, o que traduz-se na má qualidade do sinal. Esta atual promoção tem sido alvo de piadas e reclamações nas redes sociais Twitter e Facebook, aliados à irreverência cearense. No Facebook, um consumidor indignado criou o grupo “Os Oi Ilimitado”, onde desabafa: “Meu Oi é ilimitado, mas a minha paciência, não!”. Está sendo difundido, também nesta mesma rede social um banner modificado da empresa, que passa a seguinte mensagem: “Promoção Tenha Raiva Ilimitada. Por que criar uma promoção e não atender a demanda?”. No dia 25 de abril, os clientes da empresa TIM foram os que mais reclamaram nas redes sociais. O assunto chegou aos Trending Topics de Fortaleza, no Twitter, com a hashtag #MelhoraTimOuFecha.
Estudos recentes sobre o comportamento dos consumidores no ambiente on-line revelam que, no caso das empresas mais presentes em ambientes virtuais, as reclamações tendem a ser respondidas mais rapidamente do que nos clássicos serviços de proteção ao consumidor. No Procon, por exemplo, o tempo médio de resposta a uma reclamação é de até um mês.
Nas reclamações por e-mail, bate-papo e telefone a solução demora até cinco dias úteis para ser encaminhada. Já as reclamações via Twitter e Facebook são respondidas entre cinco minutos a cinco horas depois de publicada e a solução é encaminhada em até 24h. As empresas tendem a responder mais rápido pela internet para tentar evitar a propagação de uma imagem ruim da marca. (Caroline Avendaño, da Redação).