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Quarta, 08 Outubro 2014 06:10

Coluna Política

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  Derrotas nos terrenos aliados Um dos dados mais sintomáticos do primeiro turno foi o desempenho de Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) nos redutos de alguns de seus principais prefeitos aliados. O petista perdeu na Capital, administrada por Roberto Cláudio (Pros). O peemedebista perdeu em Juazeiro do Norte e Crato, sob gestão, respectivamente, de Raimundo Macedo e Ronaldo Mattos (ambos do PMDB). E não foram derrotas quaisquer, mas categóricas. Em Fortaleza, a vantagem de Eunício foi superior a 100 mil votos (540 mil contra 434 mil). Em Juazeiro, o peemedebista teve menos da metade da votação petista (74,2 mil a 35 mil). No Crato, desvantagem maior ainda: obteve pouco mais de um terço dos votos de Camilo (44 mil a 15 mil). Há fatores diversos relacionados, mas a falta de capacidade dos dois prefeitos de ao menos empatar a disputa a favor dos aliados é algo que merece atenção das gestões municipais. GERAÇÃO QUE FICA SEM MANDATONa virada do século, o núcleo central da esquerda no Ceará era composto por PT, PSB e PCdoB. Nos três casos, a eleição de domingo marcou profunda mudança política na Assembleia, com declínio de uma geração. Os dois petistas eleitos são novatos, ao passo que ficaram de fora personagens velhos conhecidos, como Dedé Teixeira, Rachel Marques, Professor Pinheiro e, principalmente, Artur Bruno. No PCdoB, também duas novidades, que deixam fora Lula Morais - além da derrota de Inácio Arruda para deputado federal. O PSB ficou sem representação - o que já era previsível, com a saída de Eliane Novais para concorrer ao Governo e a ausência de substituto competitivo. Os novos nomes têm outro perfil, vários deles com raízes no Interior, não na Capital, e que despontaram no governismo, ao passo que a velha geração foi forjada em anos de oposição. CRISE DE QUEM DEIXA O SENADONunca um senador cearense foi reeleito, mas os últimos anos têm sido particularmente cruéis com quem se despede da Câmara Alta. Em 2006, Luiz Pontes (PSDB) sinalizou intenção de tentar reeleição, não teve espaço, disputou a vaga de deputado estadual e perdeu. Surpreendente sobretudo por ter comandado a Secretaria de Governo (Segov), que conduzia a articulação política do governo. Em 2010, Tasso Jereissati (PSDB) foi derrotado em sua tentativa de reeleição. Patrícia Saboya (PDT) foi quem se saiu melhor. Não conseguiu concorrer à reeleição, mas se elegeu com tranquilidade para deputada estadual. Hoje, é conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Agora, Inácio Arruda não se elege deputado. Há circunstâncias diversas, mas fica recado político do distanciamento desses mandatos das bases, origens e raízes. PAU QUE DÁ EM CHICO DÁ EM FRANCISCOMauro Filho (Pros) se queixa dos resultados das pesquisas, que, na véspera, apresentaram divergência de 13 pontos percentuais (no Datafolha) e 15 (Ibope) em relação aos votos que teve no dia seguinte. Considerada a variação para mais ou para menos da margem de erro, seria aceitável diferença de no máximo, quatro e seis pontos, a depender do instituto. Os governistas, não sem razão, sustentam que esse percentual subestimado atrapalhou. Verdade. Mas não é a primeira vez. E quem chora hoje sorriu ontem. Em 2012, era Heitor Férrer (PDT) quem fazia a mesma queixa na eleição para prefeito de Fortaleza. E aponta que, se as estimativas tivessem apresentado seu real patamar, iria para o segundo turno. Quem ficaria fora seria o hoje prefeito, Roberto Cláudio (Pros). Um erro não compensa ou justifica o outro. Mas é curioso ver como reações mudam de lado. O CUIDADO QUE A LEITURA DE PESQUISAS EXIGEA lição que fica, eleição após outra, é do cuidado necessário na leitura das pesquisas. Como destaquei na coluna de sexta passada (leia aqui: http://bit.ly/1vligBP): pesquisas erram. Muitas vezes acertam também. Quase sempre sinalizam em direções corretas. Mas há sempre em torno de 5% de chance de o resultado estar fora da margem de erro. Não é pouca coisa. Se esse percentual fosse convertido em pontos percentuais de intenção de voto, seria o bastante tanto para Camilo Santana (PT) quanto mesmo Eunício Oliveira (PMDB) vencer no primeiro turno. Isso sem considerar que, como diz o humorista Tutty Vasques, ao justificar sua saudável desconfiança, “nada no Brasil tem nível de confiança de 95%”.
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