A seca no interior do Estado do Ceará dominou os debates na Assembleia Legislativa. Na manhã de ontem, o deputado Vasques Landim (PR), primeiro a se pronunciar sobre o assunto, apelou para que sejam implementadas medidas de combate a estiagem. Segundo destacou, é “impossível ficar silente e imóvel diante do sofrimento do homem do campo”.
De acordo com o parlamentar, a bacia leiteira do Estado do Ceará encontra-se deficitária. Ou melhor, já perdeu cerca de 50% da sua capacidade de produção. Isso porque, segundo ele, as medidas estão demorando a chegar às comunidades, que não suportam mais a situação. Os pequenos agricultores, revela Landim, não possuem mais água nem para alimentar seu rebanho – sua fonte de renda. O republicano destacou, ainda, que a água virou “ouro” no sertão cearense.
RELATÓRIO
Dados do relatório da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) revelam que 40 municípios cearenses estão com suas fontes hídricas insuficientes, onde 36 deles devem secar até o começo do próximo ano.
Vasques Landim disse que tanto o governo federal quanto o governo estadual vem tratando o sertanejo como “cidadão de segunda classe”, afirmando que as medidas adotadas são “emergenciais”, “paliativas” e “assistencialistas”. Ele também criticou a falta de investimentos em tecnologias, que possibilitem melhorias ao homem do campo. “ Embora seja um problema climático, é possível obtermos uma convivência com a seca”, comentou.
Já o deputado Ferreira Aragão (PDT) apresentou ações que podem ser promovidas pelo governo para melhorar a convivência do homem do campo com a estiagem. Segundo o parlamentar, ainda hoje, a administração pública não investiu massivamente em mecanismos para armazenar a água na superfície, como construção de pequenos açudes, cisternas e perfurações de poços. Ele avalia que o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), criado para desenvolver ações contra estiagem, hoje, nada mais é do que “cabide de emprego”.
A deputada Mirian Sobreira (PSB) afirmou que as medidas estão andando a “passos de tartaruga”. E criticou os gastos com a Operação Carro-Pipa, que, a seu ver, deveriam ser investidos na perfuração de poços. Ela comentou o problema do colapso de água no interior, afirmando que o Governo precisa encontrar alternativas para evitar o problema. Além disso, a deputada Eliane Novais (PSB) salientou que a seca já afeta a saúde da população. E solicitou que, para além da seca, é preciso investigar a qualidade da água distribuída pelos carros-pipas.
CISTERNAS
O deputado João Jaime (PSDB), presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Seca, por sua vez, criticou os investimentos do governo do Estado em cisternas de enxurradas. Para o parlamentar, a aquisição é equivocada, pois, conforme ele, pessoas estão enriquecendo às custas dessas cisternas. “É lamentável que se gaste dinheiro e não façam as grandes adutoras necessárias para o Estado”, disse o tucano, acrescentando que alguns distritos, como Campos Belos, em Caridade, já enfrentam sérios problemas de falta d’água.
Laura Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.