O Governo Federal lançou na última semana o Plano Safra Semiárido anunciando a disponibilização de R$ 7 bilhões em crédito para a agricultura na região. Desse total, R$ 4 bilhões serão destinados à agricultura familiar que está presente em 95% dos estabelecimentos agropecuários dos municípios do Semiárido. Os juros do plano para as operações de custeio variam de 1% a 3% ao ano. Para investimento, os juros são de 1% a 1,5% ao ano. As taxas, nesse sentido, são menores que as praticadas em outras regiões. O plano também aponta medidas adicionais para renegociação de dívidas dos agricultores, como a suspensão de prazos de cobrança de dívidas de agricultores inadimplentes e desconto para liquidar operações de crédito rural.
A novidade em relação ao plano é que o conceito apresentado pelo governo é conviver com a seca sem transformá-la em uma “catástrofe”, como disse a presidente Dilma durante a solenidade de lançamento em Salvador na última quinta-fira. Para isso, está estruturado em ações de recuperação e fortalecimento de cultivos alimentares regionais, da pecuária leiteira e de pequenas criações. Outro eixo é o de estímulo à industrialização para diversificar e agregar valor na produção e estímulo à agricultura irrigada no Semiárido.
Voltar a atenção para a região do semiárido não deixa de ser um alento nesse momento em que grande parte dos agricultores ali instalados sofre com a seca que castiga esse bioma há quase dois anos. No entanto, é preciso que as ações propostas resultem em fatos concretos. Infelizmente, não tem sido assim durante os últimos meses.
Para se ter ideia, relatório parcial da Comissão Especial para Acompanhar a Problemática da Estiagem e as Perspectivas de Chuvas no Estado do Ceará, instalada na Assembleia, constatou graves deficiências nas ações de combate aos efeitos da seca no Estado, apesar de toda a propaganda. Espera-se, assim, que o plano não signifique mais uma intenção do que propriamente medidas concretas