O deputado Vasques Landim reforçou postura contrária à decisão da presidente Dilma Rousseff de importar médicos estrangeiros
Fotos: ALEX COSTA
O pronunciamento da presidente Dilma, na parte referente à saúde, recebeu críticas de parlamentares na AL
As propostas apresentadas pela presidente Dilma Rousseff pegaram toda a classe política de surpresa e algumas delas não agradaram a parlamentares da Assembleia Legislativa do Ceará. O deputado Vasques Landim (PR), por exemplo, criticou as medidas relacionadas à a saúde pública. Outros deputados também se disseram contrariados.
Para Landim, Dilma até se posicionou quanto às vozes das ruas, mas, segundo ele, aparentemente não compreendeu as manifestações das pessoas porque na área da saúde, por exemplo, é nítido que a população quer o funcionamento efetivo do sistema de saúde público do Brasil e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). "As vozes que a presidente ouviu, certamente, não são as vozes que ecoam denunciando que nosso sistema está falido e sucateado", enfatizou.
O parlamentar lembrou, ainda, que a presidente deveria ser "generosa" e "célere" como ela foi com as empreiteiras que construíram os estádios de futebol Brasil afora. Conforme disse, "tanta generosidade em investir em estádios de futebol" não deveria ser a prioridade de Governo, mas sim, trabalhar para melhoria desta área da sociedade. Ele se colocou contrário ainda à proposta de se trazer médicos estrangeiros para o País.
"As vozes das ruas pedem que se construam novos equipamentos e que se melhorem a qualidade de saúde. Eles pedem ultrassons, luvas, remédios, insulinas, antibióticos, equipamentos. É isso o que estão pedindo as pessoas nas ruas brasileiras. As vozes clamam pelas vidas ceifadas nos corredores dos hospitais e pelos postos de saúde inadequados Brasil afora, onde os médicos não têm como trabalhar de forma eficiente".
Distribuição
Conforme disse "importar médicos" é uma reação muito simplória para resolver a situação do problema de saúde no Brasil. Ele lembrou que o País é o segundo com maior número de faculdades de medicina e também possui 4 mil profissionais de saúde que são mal distribuídos pelas cidades brasileiras. Além da má distribuição também faltam equipamentos e remédios para que esses trabalhadores exerçam a plena atividade.
"Os investimentos em saúde são baixíssimos. O SUS, que é a grande rede de atendimento dos brasileiros, está falido. É vergonhoso dizer quanto se paga por uma consulta no SUS ao médico. É apenas R$ 12. São esses dados que a população deve saber e a presidente não conhece.
Como se ter qualidade se não se tem carreira profissional que dê estabilidade para os profissionais?", questionou ele, lembrando que o Programa da Saúde da Família (PSF) também não dá segurança para os médicos, assim como não tem qualidade.
A deputada Mirian Sobreira (PSB) lembrou que a corrupção e a saúde são os temas que mais foram cobrados pelos protestos. Ela desafiou a presidente Dilma Rousseff a deixar seus tratamentos em hospital de luxo em São Paulo para ser tratada em um hospital do SUS. A deputada também defende que o exame de revalidação seja aplicado para os médicos estrangeiros, inclusive, os cubanos e outros da América Latina, onde, segundo dizem, o ensino é deficiente.
Silvana Oliveira (PMDB) disse que ficou constrangida com os pronunciamentos da presidente Dilma, por não contemplarem as reivindicações da população. Ela afirmou também que outro protesto acontecerá, hoje, contra a proposta de vinda de médicos estrangeiros para o Brasil.
Para Fernando Hugo, somente agora a presidente chamou prefeitos, ministros e governadores para uma reunião, que segundo ele, não resolveu nada. Segundo ele, os petistas "acabaram com a Petrobras e todo o País". Conforme sugeriu, a primeira atitude da presidente deveria ser retirar do Congresso Nacional, José Genoíno (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP), condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão. Ele criticou também a tentativa do Governo Federal de trazer médicos cubanos para o Brasil, lembrando, inclusive, que quando Fidel Castro esteve doente foi ser tratado na Espanha e não em Cuba.
Ciclo
Vasques Landim (PR), por sua vez, disse estar visualizando o fim de um ciclo, visto que a saúde está sucateada, a insegurança gritante, a educação sem funcionar e impostos altos, além da corrupção desenfreada. "A leitura que a gente faz é que a presidente está acuada, não sei se pelo fim de um ciclo político, mas o meio administrativo está totalmente quebrado".
A deputada Eliane Novais (PSB), por sua vez, fez uma reflexão sobre as manifestações que aconteceram até aqui e disse que são muitas as pautas que ainda não foram atendidas. "Há muito pelo que protestar em nosso País", disse citando alguns dos problemas já apontados.