O parlamentar negocia com a cúpula nacional da legenda para articular a transferência
Foto: José Leomar
O deputado federal Capitão Wagner tenta costurar, há algum tempo, um acordo para que possa deixar o Pros e se filiar ao DEM, de olho na disputa pela Prefeitura de Fortaleza no próximo ano. Pensando em cada passo que dará nesse período pré-eleitoral, o parlamentar, que lidera as pesquisas internas, sabe que precisa de uma legenda com a envergadura que o Pros não oferece. Entretanto, ele mesmo nega que já seja certa a transferência. Por isso, segue fazendo articulações dentro do Pros e também fora dele.
Atualmente, o DEM não só integra a base do prefeito Roberto Cláudio, como tem a maior parte das suas lideranças ligadas de alguma maneira ao grupo governista. O mais simbólico é o vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan. No grupo governista, todos sabem das negociações que envolvem o partido e Capitão Wagner. Uma conversa que começou com o comando nacional do Democratas.
Nesta terça-feira (1), em uma reunião entre lideranças do Pros, vazou a informação de que Wagner estaria de saída do partido rumo ao DEM, fato prontamente desmentido pelo parlamentar. É possível que o acordo não esteja ainda fechado. Mas ele vem sendo construído sob algumas premissas como os valores do fundo eleitoral, exigência feita por Wagner, segundo interlocutores. A pedida, no primeiro momento, foi considerada alta. E as definições ficaram em stand-by.
Movimentos internos
Nesta terça, integrantes locais do DEM se esquivavam de tratar do assunto à espera de um posicionamento nacional. Naturalmente, se confirmar a mudança, o partido vai para a oposição, em Fortaleza. Hoje, a legenda é presidida pelo empresário Chiquinho Feitosa, aliado do grupo governista, liderado pelos irmãos Cid e Ciro Gomes, o prefeito Roberto Cláudio e o governador Camilo Santana (PT), apesar de alguns atritos.
Uma possível mudança de rumo do DEM na Capital, no entanto, está em curso, por força da cúpula nacional. O presidente da legenda, ACM Neto, quer lançar uma candidatura do partido à Prefeitura de Fortaleza, em 2020, para fazer frente ao nome indicado pelos Ferreira Gomes.
Planos
As negociações ganharam força, na semana passada, depois que ACM Neto o chamou para uma conversa na sede do partido, em Brasília, e reforçou o convite.
Na reunião desta terça, com as lideranças do Pros, em Fortaleza, Wagner começou a discutir a possibilidade. A maioria dos aliados o apoia na empreitada, mas evitam falar sobre a saída. O deputado estadual Vitor Valim (Pros) frisa apenas que Wagner é bem avaliado pelo DEM. "Quem tem gostado muito do trabalho do Capitão Wagner é Ronaldo Caiado, governador do DEM, de Goiás", destaca.
Acordos
Wagner nega a saída do Pros, pelo menos, por enquanto. "A gente está avaliando. Tenho que conversar com o presidente nacional do Pros, tenho que tratar com o meu grupo. Tem muita gente que eu preciso conversar", diz.
Nos bastidores, Wagner também tem receio de questionamentos jurídicos do seu mandato, caso troque de partido fora da janela partidária - período em que os deputados mudam de legenda sem o risco de perder o mandato. Wagner tenta também construir um acordo com o presidente estadual do DEM, Chiquinho Feitosa, e pavimentar o caminho para a aliança.
Até porque o presidente do diretório do DEM em Fortaleza, Marcílio Gomes, também é aliado forte do prefeito Roberto Cláudio. A ideia de Wagner era colocar um aliado seu no posto. Mayra Pinheiro, ex-candidata à senadora em 2018, foi cogitada, mas não teve êxito. A possibilidade acabou sendo rechaçada pelo grupo atual.
Enquanto isso, outros integrantes do DEM aguardam uma resolução sobre o futuro do partido. O único deputado estadual do partido, João Jaime, também é da base aliada e passa o clima de indefinição. Procurado, declarou apenas que não pode falar do que não existe.