Ele diz que funcionários estão sendo obrigados a trabalhar para aqueles apoiados pela prefeita e pelo governador O senador Inácio Arruda, candidato do PCdoB à Prefeitura de Fortaleza, denunciou, ontem, na Câmara Municipal, que o candidato apoiado pelo governador Cid Gomes, Roberto Cláudio (PSB), e o postulante apoiado pela prefeita Luizianne Lins, Elmano de Freitas (PT), estão sendo beneficiados com o trabalho de pessoas terceirizadas nas duas administrações. Ele cobrou uma investigação do Ministério Público eleitoral, para apurar a denúncia. Após quatro sessões especiais com apresentação de propostas dos candidatos a prefeito, dentro do programa traçado pela Câmara Municipal para debater com os prefeituráveis, ontem, ao contrário das anteriores, que não contaram com a participação dos vereadores, o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Acrísio Sena (PT), conseguiu reunir um número expressivo de parlamentares para ouvir o pronunciamento de Inácio. No entanto, a maioria dos presentes em plenário era a militância do próprio partido de Inácio Arruda. Alguns vereadores ficaram pouco tempo para ouvir o programa de governo do postulante. Estiveram presentes ao evento os vereadores Martins Nogueira (PSB), Glauber Lacerda (PPS), Carlos Mesquita (PMDB), Walter Cavalcante (PMDB), Paulo Gomes (PMDB), Vitor Valim (PMDB), Ronivaldo Maia (PT), Adail Júnior (PV), Jorge Vieira (PSB), Toinha Rocha (PSOL), Eliana Gomes (PCdoB) e o presidente Acrísio Sena. Apesar da participação desses, somente as duas parlamentares ficaram desde o início do debate até sua conclusão. Propostas Inácio Arruda, por sua vez, apresentou algumas propostas para saúde, educação, segurança pública e mobilidade urbana, mas, principalmente, ressaltou a necessidade de um planejamento para a cidade, área que, segundo ele, não teve a devida atenção durante as duas gestões da prefeita Luizianne Lins. O candidato comunista pretende concretizar durante seu governo, caso seja eleito prefeito, o Instituto de Planejamento de Fortaleza, o Iplanfor, assim como dar as condições para regulamentação do Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDPFOR). Atitude Durante seu discurso, Inácio Arruda denunciou que os candidatos que têm o apoio do governador Cid Gomes e da prefeita Luizianne Lins estariam forçando os funcionários terceirizados a trabalharem em suas campanhas, e lamentou a atitude. Segundo ele, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e o Ministério Público (MP) têm a obrigação legal de investigar estes casos e averiguar se está mesmo havendo a irregularidade. "Eu tenho a impressão que está havendo muitas movimentações, onde pessoas estão sendo levadas a fazer campanha para determinados candidatos. O TRE e o MP têm tantas iniciativas, não é? Deveria investigar isso. Nós não vamos ficar choramingando, mas não se pode deixar que as pessoas, porque são terceirizadas, sejam obrigadas a fazer campanha forçada depois do horário de trabalho. Isso é um abuso cometido nessas eleições", acusou Inácio Arruda. Necessitadas O prefeiturável não poupou nas críticas à atual administração de Fortaleza. De acordo com o candidato comunista, sua prioridade, caso seja eleito, será a educação básica. Ele ressaltou que, atualmente, 100 mil crianças estão necessitadas de creches, salientando que é preciso mudar essa situação. Segundo o senador, falta capacidade de gestão para as escolas, assim como para os professores. A indicação política de diretores de escola também foi condenada por ele. "Temos que fazer uma seleção aberta para que Fortaleza tenha uma escola nota dez. Temos a obrigação de ser a melhor escola de todo o Estado, porque aqui estão os mestres mais qualificados", disparou. Na área da saúde, Inácio disse que vai estruturar os postos de saúde e criar 100 novas equipes de Programa de Saúde da Família (PSF). Disse que irá potencializar os serviços dos Gonzaguinhas e Frotinhas, e instalar três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) por Regional. Investimentos Na área de segurança pública, o candidato citou os altos índices de violência nas comunidades mais periféricas da Capital, anunciando a criação de seis centros de acolhimento de dependentes químicos, proposta, segundo ele, já encaminhada para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), além do "pleno" atendimento nos CAP´s. "O que falta nessas comunidades a presença da Prefeitura, Estado e Governo federal. Levando a arte, cultura, escola, saúde, emprego e renda a população. O que se vê é o abandono completo destas comunidades, porque não se tem planejamento", salientou. Inácio destacou ainda a falta de projetos para o Plano Nacional de Mobilidade Urbana, em que, de acordo com sua afirmação, a Capital deixou de receber, pelo menos, R$ 2,4 bilhões em investimentos. Segundo o ele, esta situação reforça a exclusão social e a concentração dos serviços públicos em áreas desenvolvidas. "Nós perdemos uma grande oportunidade na cidade, e poderíamos ter avançado muito no desenvolvimento da cidade", ressaltando que o Município não tinha nenhum projeto para esses investimentos.