O foco do prefeito Roberto Cláudio (PDT), conforme ele tem repetido, é nos últimos meses de sua gestão, mas a preparação do grupo político para as eleições do próximo ano está avançada. O gestor da Capital, já reeleito, terá a missão de fazer o seu sucessor num cenário com duas nuances difíceis: o "recall" de um forte adversário, no caso, Capitão Wagner (PROS), e a ausência de um nome natural dentro do seu partido.
Por enquanto, poucas certezas. Entre elas, o fato de o PDT ter candidato próprio, não havendo espaço para ceder a cabeça de chapa a algum dos partidos aliados, que são muitos.
A direção nacional da sigla já decretou que Fortaleza é a Capital prioritária nas próximas eleições municipais, uma espécie de treino para o embate de 2022, em que o partido quer reapresentar Ciro Gomes na disputa à Presidência. Para isso, considera, tem que fazer um dever de casa: eleger o sucessor por aqui.
> Vereadores estão incomodados com assessor do prefeito Roberto Cláudio
A decisão sobre o nome que vai disputar o Paço Municipal, decerto, sairá da cúpula do grupo político no Ceará, que envolve o prefeito, o senador Cid Gomes, o próprio Ciro e Zezinho Albuquerque. O governador Camilo Santana também será ouvido, mesmo sendo filiado ao PT. Diante das circunstâncias, o PT de Fortaleza se prepara para o embate do ano que vem, organizando suas bases, mas sem nenhuma expectativa de contar com o governador em seu palanque. "Haverá muito mais do Camilo no PDT e no PSB do que no PT", diz um petista. Mesmo assim, continua, Camilo - se ainda estiver no partido - será cobrado, mas apenas para marcar posição.
Mesmo que o nome do PDT saia do diálogo dos líderes, o prefeito Roberto Cláudio - até para se firmar como uma liderança política no Ceará - deve preparar e colocar na mesa nomes novos ligados a ele e à gestão municipal. O capital político do prefeito, dizem observadores do governismo, se robusteceu após a eleição de Queiroz Filho a deputado estadual. Foram 103 mil votos para um candidato até então desconhecido que superou o indicado de Camilo, Fernando Santana, e nomes fortes do PDT como Sérgio Aguiar, Zezinho Albuquerque e o próprio José Sarto, presidente da Assembleia.
O chefe do Executivo da Capital diz ainda não pensar nos nomes, mas já está tratando da sucessão. Para isso, acompanha pesquisas de opinião a respeito da gestão na Capital e das expectativas da população ao que considera importante para o próximo ano.
Em paralelo, Roberto Cláudio trabalha três linhas de atuação. A primeira é a manutenção do apoio dos partidos que lhe dão sustentação. Ele tem diálogo avançado com PP, DEM, PR, PSD, PRB, PSB, PPS, PCdoB, PSC e PTB. O PV faz parte do Governo, mas ainda é incógnita eleitoral.
O prefeito aposta no diálogo com essas siglas fortalecido após a decisão do TSE de obrigar as agremiações a instalarem seus diretórios estaduais em substituições às comissões provisórias. Com comando precário, os partidos, no âmbito local, ficavam muito vulneráveis às intervenções dos presidentes nacionais.
A segunda linha é o fortalecimento do próprio partido, o PDT. A partir de outubro, a legenda vai iniciar uma série de eventos locais para fazer novas filiações. A ideia do prefeito é trazer especialistas para debater áreas estratégicas da gestão como Saúde, Educação, Mobilidade e Segurança, analisando políticas já implantadas e buscando sugestões para a próxima gestão.
Por fim, a terceira linha é o trabalho na própria gestão. Neste mês, a Prefeitura lança um pacote de investimentos em obras que ultrapassa R$ 1,9 bilhão em diversas áreas da gestão. Serão mais de R$ 500 milhões só em intervenções de urbanização em comunidades das seis regionais.
Bastidores
Um pedetista de destaque diz que a visão do grupo é que o partido precisa indicar um nome novo em eleições majoritárias, sem máculas de outros processos. Isso deixaria de fora nomes que vêm sendo comentados como o do presidente da Assembleia, José Sarto.
Outro com qualificações para o debate é o deputado Salmito Filho, mas fatos ocorridos no ano passado, entre eles a tentativa de aproximar um grupo de vereadores do então senador Eunício Oliveira - todos juntos posaram para uma foto em meio à campanha eleitoral - fizeram-no ficar para trás na corrida pela indicação do núcleo, diz um outro líder próximo da cúpula.
Ligados à gestão, Samuel Dias e Queiroz Filho estão sendo considerados verdes demais para o embate. Para elevar a temperatura do caldeirão governista, tem circulado o nome do chefe da Casa Civil, Élcio Batista, como um possível candidato. Este fato é visto pelos agentes políticos próximos ao Paço como um "voo baixo", temporário.