Deputados usaram a tribuna da Assembleia Legislativa do Ceará, ontem, para debater o exclusão de Maracanaú da lista de cinco municípios do País que seriam contemplados por projeto-piloto de Segurança do ministro Sergio Moro. A cidade teria perdido espaço para Paulista, em Pernambuco.
Ao passo que a oposição, representada por Fernanda Pessoa (PSDB) e Heitor Férrer (SD), atribuiu culpa ao governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o líder do Governo, Júlio César Filho (PPS), jogou dúvidas sobre os procedimentos adotados pelo secretário nacional de Segurança Pública (Senasp), Guilherme Theophilo.
Segundo Férrer, a derrota de Maracanaú representa triunfo da "politicalha" exercida por Camilo. Opina que o Estado não quis Maracanaú entre as cidades por dois motivos: Theophilo não ter ido à reunião do último dia 12, na SSPDS - quando Maracanaú teria sido escolhida - e a cidade ser reduto de opositores. "É pequenez".
Fernanda teve pico de pressão após disparar contra Camilo e Júlio César da tribuna da Casa. Alega que a cidade deixou a lista federal após o chefe do Executivo ter faltado a reunião - representou o Governo o secretário de Segurança André Costa. Ela alega ainda que o representante federal que esteve em Fortaleza, secretário-adjunto da Senasp, Fernando Almeida Riomar, bateu a porta do Palácio da Abolição, mas não foi recebido pelo governador.
A parlamentar informou ainda que solicitará reunião em Brasília com o General Theophilo, Moro, César e outros deputados que queiram ir. Isto, diz, "para ver quem está mentindo".
Dirigindo-se a César, a tucana pediu que o deputado deixasse a liderança do Governo. Para ela, o parlamentar, que é de Maracanaú, não demonstrou compromisso com a cidade. César, por sua vez, diz que Fernanda é acostumada a este tipo de discurso. "Já pediu demissão de secretário de Estado, renúncia de governador, agora pede para eu entregar a liderança, distorcendo minha fala".
Ainda rebateu: "ora, eu sou mais maracanauense que ela, eu nasci e me criei lá. Ela chegou lá para ser deputada, e na fazenda do pai dela, no distrito em que ele tinha uma granja".
Segundo César, caso Camilo tivesse demonstrado má-vontade, o que diz não ter havido, Theophilo, mesmo assim, poderia ter empreendido esforços para manter Maracanaú nos planos de Moro. Diz não saber a razão da ausência. Assim, protocolou requerimento para envio de ofício ao titular da Senasp, para que "os verdadeiros motivos que levaram a abandonar a ideia" sejam elucidados. Segundo ele, nenhum documento oficial de Theophilo foi enviado e conversas informais não se sustentam.
O Ministério da Justiça, pasta à qual está ligada a secretaria de Theophilo, em nota ao O POVO, sugere que o entrevero não tem razão de existir. "O projeto ainda está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ainda não há definição sobre os municípios que farão parte do projeto", limita-se a afirmar.
CARLOS HOLANDA