O sentido das escolhas
Vale relembrar a trajetória da gestão dos presídios no Ceará desde a década passada. Com Lúcio Alcântara, a gerência era terceirizada, coisa que a Justiça proibiu. Em 2007, Cid Gomes entregou a Sejus a Marcos Cals. Até hoje não entendi o porquê de Cid tê-lo indicado para o cargo e muito menos de ele ter aceito. O então secretário é político de carreira e saia da presidência da Assembleia Legislativa. Representava a entrada do PSDB no governo Cid.
Politicamente, foi a indicação mais importante. Administrativamente, a mais sem sentido.
Isso mostra o quanto a gestão penitenciária era menos importante. Facções criminosas não estavam enraizadas no Ceará. Depois, vieram nomes qualificados e de referência pública. Mas que, talvez, tenham sido engolidos pela situação que se transformou enquanto estavam no cargo. A defensora pública Mariana Lôbo sucedeu Marcos Cals. Entrou enquanto os índices de criminalidade tiveram disparada no Estado. Não era, de início, crime comandado de dentro dos presídios. Diziam as autoridades na época que a culpa dos homicídios era do crack, desculpa que caiu em desuso.
Depois, veio o advogado Hélio Leitão. Foi época de redução dos homicídios fora dos presídios, durante a trégua entre facções, e de massacres dentro do sistema prisional. Hélio foi atrás de experiências interessantes fora do Estado. Nos bastidores, porém, aponta-se a dificuldade de relacionamento com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) como problema.
Sob sua gestão, as facções se fortaleceram dentro e fora dos presídios.
Socorro França, atual titular, é um dos quadros mais experientes do serviço público. Foi determinante no acordo que encerrou a greve da Polícia, em 2012. Foi importante na Controladoria Geral da Disciplina, na época da chacina do Curió. Mas, na Sejus, já encontrou consolidado o domínio das facções e pareceu nunca acreditar que haveria solução num horizonte minimamente próximo. Era desafio diferente de tudo que ela enfrentou na longa trajetória.