Na semana em que a Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) deve aprovar a mensagem do Governo do Estado que reduz de 27 para 21 o número de secretarias, a disputa por espaços no segundo mandato de Camilo Santana (PT) se acentuou.
Hoje, um dos principais entraves para a composição do secretariado do petista é a pasta das Cidades. Comandado pelo PP no primeiro governo, o posto pode sair das mãos da legenda, presidida no Ceará pelo deputado federal eleito AJ Albuquerque, filho de Zezinho Albuquerque (PDT), que chefia a AL e é candidato a novo mandato à frente do Legislativo.
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À reportagem, Zezinho esquivou-se de responder se há articulação entre PP e PDT para garantir o espaço da sigla progressista a partir de 2019. "Isso (nomeações) é de autonomia do governador. Se vai algum partido, é exclusividade de uma decisão do governador", avaliou.
Com o resultado das eleições, a bancada do PP encolheu de seis para três deputados estaduais. O tamanho da legenda na Casa é um obstáculo para a manutenção de um cargo da envergadura de Cidades. Além disso, a reforma no desenho administrativo do Estado dificulta a acomodação de aliados - Camilo elegeu-se num bloco que incluía 24 agremiações.
Tin Gomes lembra também situação de suplentes Camila de Almeida
O corte de seis secretarias criou superestruturas que despertam interesse de legendas com mais musculatura. É o caso do MDB, que deve ser aquinhoado após o presidente do Senado Eunício Oliveira facilitar a liberação de recursos para o Ceará. Embora não trate oficialmente do assunto, o emedebista tem se movimentado para alocar nomes de sua confiança no Abolição.
Partido de Camilo, o PT também vem movendo suas peças para garantir lugar na divisão das secretarias. Deputado estadual, Elmano de Freitas diz que os petistas "vão trabalhar para ter mais espaço no governo". Hoje, a legenda comanda a Casa Civil, com Nelson Martins - na reforma, a secretaria assumiu atribuições do gabinete, juntando articulação política e administração. Em conversa com O POVO na última sexta-feira, Camilo não deu prazo para anunciar os novos nomes.
Perguntado sobre as tensões na base do governador nessa etapa que antecede à formação do secretariado, Elmano assegurou que "Camilo sempre se mostrou sereno para resolver esses impasses".
Segundo o parlamentar, o petista abriu uma rodada para ouvir "cada liderança e quem ela apoia", analisando nome a nome e o perfil dos indicados. "Se alguma força política quiser apontar alguém", acrescentou, "vai ter que analisar o currículo".
Presidente do PT em Fortaleza, o ex-vereador Deodato Ramalho também considera esperar um segundo governo que "tenha uma cara mais identificada com a proposta do PT defendida em campanha".
Internamente, Camilo está tratando da montagem do primeiro escalão em paralelo à eleição para a presidência da Assembleia, na qual o PDT, maior partido da Casa, tem até agora três pré-candidatos: além do atual presidente, que pleiteia nova recondução, há ainda o líder do Governo Evandro Leitão e o vice-presidente Tin Gomes.
Um dos cotados para assumir a AL, Tin afirma que Camilo pode convidar dois deputados da coligação para o secretariado, a fim de liberar vagas para os suplentes Lucílvio Girão (PP) e Manoel Duca (PDT), que não se elegeram. "Seria uma forma de trabalhar as duas coisas (montagem do governo e presidência da AL)", diz.
HENRIQUE ARAÚJO