Nas sessões plenárias das casas legislativas do Estado, no dia de ontem (4), o tema da segurança destacou-se nas falas dos parlamentares. Na Assembleia Legislativa, o deputado Renato Roseno (Psol) alertou para o aumento de assassinatos de adolescentes e jovens meninas no Ceará. Enquanto isso, na Câmara Municipal, o vereador Soldado Noelio (Pros) chamou a atenção para os índices de violência na Capital.
Pelo tempo da liderança da oposição, Noelio apontou o “descaso” da prefeitura com a área de segurança. “Subo esta Tribuna para falar sobre a dificuldade que temos vivido com relação a segurança pública. O município de Fortaleza tem a cada dia aumentado o índice de mulheres assassinadas, de jovens assassinados. As famílias ficam com temor sem saber se voltam vivos para casa. E aqui, durante dois anos, tentei e tenho tentado dar a minha contribuição para ajudar o município a melhorar a situação da segurança. Mas, infelizmente, enquanto os bandidos estão a passos luz, a Prefeitura dá passos de tartaruga, pois somente agora concedeu o porte de arma a pouco mais de cem Guardas Municipais.”, ponderou.
O parlamentar elencou uma série de proposições que apresentou no Legislativo. Dentre elas, a proposta de revisão à Lei Orgânica do Município, que acrescenta artigo para que seja redefinido o papel do município na segurança. Outro projeto requer a realização de palestras nas escolas com os profissionais de segurança sobre os malefícios das drogas. Noelio também sugeriu a criação do Fundo Municipal de Segurança.
O vereador ainda apresentou projetos que contemplam os profissionais que fazem a segurança do Município. “Nós aqui apresentamos projeto que inclui como prioridade da política habitacional, os profissionais de segurança pública. Outra sugestão foi a oferta de recompensa aos profissionais que apreendessem armas. Defendemos ainda que o Guarda Municipal não tenha obrigatoriedade de estar fardado para utilizar o transporte público de forma gratuita, mas que a gente vê é que pouca coisa foi feita”, criticou.
Em resposta, o líder do governo na Casa, Esio Feitosa (PPL), acusou os levantamentos do colega de não terem motivação sincera. “Se realmente o questionamento fosse genuíno do Soldado Noelio, o seu grupo político teria lançado a candidatura do Capitão Wagner ao Governo do Estado, tendo assim condições de aplicar a receita da solução da segurança pública”, alfinetou.
Assassinatos
Roseno, por sua vez, abordou o tema do aumento dos números de assassinatos de adolescentes e jovens meninas no Ceará, pauta que vem levando a plenário nas últimas semanas. O parlamentar ressaltou que em 2016, no Ceará, foram assassinadas 26 adolescentes mulheres. Em 2017, o número saltou para 80. “Este ano de 2018, já temos 105 jovens meninas assassinadas no Ceará, entre 10 e 19 anos. É um número alarmante”, lamentou.
O deputado enfatizou a necessidade de políticas públicas para evitar as mortes de crianças e adolescentes no Estado. “As mortes desses adolescentes, principalmente de meninas, são previsíveis e podem ser evitadas. Precisamos urgentemente de um plano de enfrentamento da violência contra as mulheres”, assinalou.
Para ele, é preciso combater o machismo e destacar cada vez mais o empoderamento feminino na sociedade. “Ser mulher em uma sociedade machista é ser vulnerável. Assim, também é nas disputas em territórios criminosos. Essas meninas, que morreram no Estado com marcas de tortura e violência sexual, foram assassinadas de maneira brutal por serem mulheres”, disse.
O parlamentar comentou ainda sobre a audiência pública, que aconteceu na tarde da última segunda-feira (3), na Assembleia, para tratar do crescimento dos assassinatos de meninas adolescentes.
Na mesma ocasião, a deputada Fernanda Pessoa (PSDB) parabenizou o pronunciamento do parlamentar e também destacou a importância de fortalecer políticas públicas para tratar e minimizar os crimes contra jovens meninas. “Necessitamos de políticas de orientação e proteção dessas meninas”, pontuou.