Tema recorrente nos debates e pronunciamentos da Assembleia Legislativa, nos últimos dias, o Programa Mais Médicos voltou a causar divergências entre parlamentares. Em sessão na manhã de ontem (27), o deputado Ely Aguiar (DC) acusou o projeto de ser uma estratégia para transferir renda do governo brasileiro ao cubano. Enquanto isso, parlamentares da base elogiaram a atuação dos profissionais de Cuba que atuaram no Brasil nos últimos anos.
Para Ely Aguiar, o objetivo “real” do Programa não era de fato atender brasileiros carentes, como apregoava o Governo petista. A iniciativa, continua, teria sido um pretexto para encobrir grande operação financeira de ajuda do partido à ditadura da Ilha, com recursos públicos do Brasil. O deputado, em seu discurso, mencionou como base para suas declarações um editorial publicado, na última semana, pela imprensa nacional, que também falava sobre o assunto.
O Programa, segundo avalia, teria sido utilizado como um mecanismo financeiro para Cuba pagar ao Brasil dívidas que a Ilha tinha contraídas junto ao grande aliado Sul-Americano. Incluindo no caso o projeto do porto de Mariel, executado pela Odebrecht, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para Ely Aguiar, as revelações merecem ser investigadas. “É necessário que o próximo presidente abra a caixa preta do BNDES para ver o tanto de dinheiro que saiu para a Ilha, especificamente para construir o porto em Cuba, que agora está sendo entregue ao governo russo”, assinalou.
O parlamentar criticou também o fato de os médicos ficarem com apenas R$ 2 mil dos R$ 11 mil pagos, ficando o restante para o governo cubano.
Ely acredita ainda que houve “uma certa displicência por parte do Congresso Nacional diante da situação e o Brasil foi atirado”. “Tudo o que aconteceu nestes últimos anos deve ser informado à população”, cobrou. Ele acredita, por outro lado, que o novo governo vai “colocar em ordem o Brasil” e fortalecer as instituições.
Contraponto
Enquanto o parlamentar do DC desferia críticas ao Mais Médicos, deputados da base governista no Estado também falaram sobre o assunto, mas preferiram defender e parabenizar o trabalho dos médicos de Cuba que trabalharam no Brasil através da iniciativa. O deputado Carlos Felipe (PCdoB) agradeceu, na ocasião, os serviços dos mais de 8 mil médicos que atualmente estão retornando ao país de origem.
Segundo o parlamentar, o serviço desses profissionais foi essencial para a saúde do Brasil. “Foi uma satisfação receber esses médicos que trabalharam pelo povo brasileiro. Como médico e presidente da Comissão da Saúde da Casa, não poderia deixar de ressaltar a importância desses profissionais para o nosso País”, assinalou.
Ele enfatizou ainda a maneira humanitária com que esses médicos trataram os pacientes que residem nos lugares mais longínquos. “A satisfação e a gratidão das pessoas é grande por esses profissionais que de maneira humana vieram prestar seus serviços”, afirmou.
Falando sobre o mesmo assunto, a deputada Rachel Marques (PT) também parabenizou os profissionais do Programa Mais Médicos e pontuou a dedicação dos médicos. “São pessoas humanas que vieram com a missão de servir em lugares, muitas vezes, sem estrutura nenhuma. A população é muito agradecida pelos serviços prestados e pelo trabalho bonito desses profissionais”, assinalou.
Saída
O governo de Cuba anunciou, no último dia 14, que sairá do Mais Médicos no Brasil por divergir de declarações e condições impostas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Até então, metade das vagas disponíveis no Programa eram preenchidas por profissionais da ilha caribenha.
“Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, disse Bolsonaro pelo Twitter, à época. “Além de explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos”, chegou a acrescentar, mais tarde.
A iniciativa havia sido criada em 2013 pelo governo de Dilma Rousseff (PT), com objetivo de ampliar o alcance dos tratamentos médicos, principalmente em cidades do interior.
Educação
Ainda em pronunciamento, o deputado Carlos Felipe parabenizou também os avanços na área da educação no Ceará. “O nosso Estado é o segundo do Brasil a ter mais escolas em tempo integral, perdendo apenas para Pernambuco. Estamos tendo exemplos fantásticos nos avanços da educação”, comemorou.
O parlamentar lamentou ainda o aumento da pobreza nos últimos dois anos. “Estávamos avançando. Há 15 anos o Brasil estava conseguindo diminuir a pobreza. Nos últimos dois anos, 2016 e 2017, porém, a situação de pobreza voltou a aumentar”, informou ele.