Presidente do PSL no Ceará, o deputado federal eleito Heitor Freire afirmou ontem que todas as indicações políticas para cargos federais no Banco do Nordeste do Brasil (BNB) serão exoneradas.
"Esse aparelhamento de cargos vai ter que chegar ao fim", disse o dirigente durante encontro com o deputado federal eleito Capitão Wagner e o senador eleito Eduardo Girão, ambos do Pros. "Isso vem lá de cima, do próprio Bolsonaro. O critério não é ideológico", acrescentou.
No Ceará, Heitor, Wagner e Girão formam grupo de parlamentares apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O encontro de ontem, realizado no escritório de Heitor, fez parte de uma "reunião de alinhamento" da oposição ao governo Camilo Santana (PT), segundo o pesselista.
Joia da coroa entre os cargos federais no Ceará, a presidência e diretorias do BNB são alvo de disputa entre partidos aliados de Bolsonaro no Estado.
Na última sexta, 9, Freire afirmou, em almoço com empresários no Ideal Clube, na capital cearense, que havia submetido uma lista de três nomes para a chefia do banco à equipe de transição de Bolsonaro.
Nessa terça-feira, Heitor reafirmou o envio da lista tríplice, todos técnicos. Perguntado, não revelou. O POVO apurou, entretanto, que nenhum nome foi encaminhado à direção nacional do PSL, nem ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
Hoje, os cargos mais importantes do BNB são de indicação do presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB), que não se reelegeu em 2018. Questionado diretamente sobre esses postos ligados a Eunício no Banco do Nordeste, Heitor respondeu que, "infelizmente, existe aparelhamento", mas prometeu um "desaparelhamento" imediato. "O critério não é ideológico, é técnico", enfatizou.
O parlamentar admite, porém, que a mudança no comando do banco "vai ser feita de forma bem leve". E completou: "Nós queremos que a intervenção política seja mínima possível".
Além do BNB, constituem foco de interesse de aliados a Companhia Docas do Ceará, Ibama e Fundação Nacional da Saúde (Funasa). No entanto, os interesses recaem no banco, cujo orçamento é chamariz a cada novo governo.
Sobre o almoço da sexta passada, oferecido por empresários liderados por Philomeno Gomes ? sócio de Prisco Bezerra, 1º suplente do senador eleito Cid Gomes e irmão do prefeito Roberto Claudio (PDT) ?, Heitor fala que se tratou de "evento informal entre amigos".
O dirigente conta que, entre esses amigos, estavam "gente da Fiec, médicos e até representantes do BNB". Ele nega que a presença de emissários do banco tenha qualquer relação com a sucessão na presidência da entidade. "Eles só quiseram me apresentar ao empresariado", respondeu.
HENRIQUE ARAÚJO