Dos 83 candidatos do Ceará que declararam patrimônio superior a R$ 1 milhão à Justiça Eleitoral, 32 saíram vitoriosos das urnas no último dia 7. Este número representa a eleição de quase 40% de todos os milionários que disputaram eleição - ou seja, quase dois a cada cinco.
Entre milionários eleitos, estão os dois senadores Cid Gomes (PDT) e Eduardo Girão (Pros), dez deputados federais (quase metade das 22 vagas do Ceará) e 17 deputados estaduais. Foram eleitos ainda três suplentes de senador milionários - dois deles da chapa de Cid para a Casa.
Ao todo, os 32 eleitos somam patrimônio declarado de R$ 220,8 milhões. A cifra é puxada para cima sobretudo pela eleição de Prisco Bezerra (PDT), eleito 1º suplente pela chapa de Cid Gomes (PDT) ao Senado. Irmão do prefeito Roberto Cláudio (PDT), Prisco, que é empresário no ramo do ensino superior, declarou patrimônio de R$ 64 milhões.
Prisco é seguido de perto pelo senador eleito Eduardo Girão (Pros), com patrimônio de 36,3 milhões. Entre os deputados, o mais rico foi Genecias Noronha (SD), que declarou possuir bens em R$ 19 milhões. Sozinhos, estes três já acumulam mais da metade de toda a renda dos 32 milionários combinada.
Nem tudo são flores
Entre milionários que perderam eleição, maior destaque é Eunício Oliveira (MDB), que declarou R,2 milhões e perdeu reeleição para Eduardo Girão. Outros os ricos que ficaram fora da política local, estão Denise Regadas (PSL), com 23 milhões, e Arnaldo (PSDB), com R$ 19,8 milhões.
Cid e a oposição
Críticas feitas por Cid Gomes (PDT) ao PT na semana passada dividiram aliados do pedetismo nas Casas Legislativas do Ceará. Enquanto alguns colocam o disparate na conta do "temperamento explosivo" e imprevisível do ex-ministro, outros apostam em um cálculo acertado de Cid de olho em maior protagonismo político para o próximo ano.
Com boa parte dos deputados analisando como provável a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas urnas, a estratégia de Cid seria criar independência de petistas para se tornar, aproveitando bom resultado de Ciro Gomes (PDT) nas urnas, uma possível liderança da oposição do novo governo no Congresso.
Com 28 deputados eleitos (muito em função da campanha cirista), o PDT cresceu e se tornou uma das mais expressivas bancadas do Congresso. Entre os nomes, estão tanto bancada de seis deputados federais pelo PDT no Ceará quanto jovens parlamentares como Túlio Gadelha (PE) e Tábata Amaral (SP), todos com trajetória próxima de Ciro.
Bancada da bala em baixa
Se cresceu consideravelmente nos últimos anos a proporção de agentes de segurança pública nos parlamentos Brasil afora, uma outra parcela da chamada "bancada da bala" - formada por políticos que pautam com destaque a segurança pública - acabou desfalcada.
No Ceará, pelo menos dois apresentadores de programas policiais - Ferreira Aragão (PDT) e Ely Aguiar (DC) - acabaram derrotados na busca por reeleição. Na última semana, os dois fizeram uma série de pronunciamentos na Assembleia lamentando a derrota e criticando "ingratidão" de eleitores.
"Fortaleza não foi justa comigo", disse Ferreira da tribuna da Casa, que disse ter votado a favor da população por 14 anos. "Estou apresentando a fatura, cobrando o eleitor de Fortaleza, por quem eu quase morro, que me abandonou". O apresentador, que já tentou fazer um dos filhos vereador de Fortaleza, lamentou "nível" de deputados eleitos e disse ter sido vítima de fake news. Ely, por outro lado, alegou ter sido prejudicado pela compra de votos no Crato.
CARLOS MAZZA