Em ato que marcou a inauguração do comitê do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em Fortaleza, aliados do capitão reformado utilizaram as críticas de Cid Gomes (PDT) ao PT como arma política.       Para os "bolsonaristas", o bate-boca entre o senador eleito e petistas no dia anterior, durante evento da campanha pró-Haddad no Marina Park, foi um indício de que a vitória do militar está próxima.       Deputado federal eleito e um dos presentes ao encontro, que reuniu centenas de apoiadores de Bolsonaro na avenida Antonio Sales, Capitão Wagner (Pros) ironizou os ataques de Cid ao PT.       "Existe um ditado que, pra político, cai como uma luva", disse o parlamentar. "Quando o barco começa a afundar, os primeiros a deixar o barco a gente já sabe quem são."       Campeão de votos para a Câmara, Wagner então classificou as declarações do ex-governador do Ceará como "oportunismo", já que o "mesmo modelo de gestão do PT foi o modelo do Cid".       "O Cid fala que houve aparelhamento no governo do PT", continua o deputado, "mas o dele não foi diferente". Segundo ele, o pedetista "deveria fazer uma autocrítica antes de criticar o PT, porque o governo dele foi exatamente igual. Não parecia que era aliado falando de outro aliado, mas adversários. O sujo falando do mal lavado".       Além de Wagner, participaram do ato os candidatos derrotados ao Governo do Estado General Theophilo (PSDB) e Hélio Gois (PSL), o deputado federal eleito Roberto Pessoa (PSDB), o senador eleito Eduardo Girão (Pros) e outros apoiadores do candidato do PSL.       Presidente do partido de Bolsonaro no Ceará, o empresário Heitor Freire afirmou que já esperava por esse cisma entre PDT e PT.       "Mais de 20 partidos fatiando o governo ia dar naquilo, ia dar em briga", criticou, referindo-se ao arco de alianças do governador Camilo Santana (PT), que abrangeu 16 legendas no primeiro turno das eleições.       Eleito para uma vaga na Câmara dos Deputados, Freire voltou a dizer que o PSL mira os cerca de dois milhões de votos obtidos por Ciro Gomes (PDT) na corrida ao Planalto.       "O voto do Ciro não é ideológico, é por aproximação por ser alguém aqui do Estado", avaliou. O dirigente estima que Bolsonaro tem condições de, na reta final, terminar à frente de Haddad no Ceará.       O tucano General Theophilo concorda. Eleitor declarado de Bolsonaro, o ex-candidato assinala que a discussão entre Cid e o PT facilita a vida de Bolsonaro na briga pelo voto do cearense.       "Nós vimos o Cid destruindo o Partido dos Trabalhadores ontem (segunda). Isso mostra a desunião, o interesse pelo poder, o balcão de negócios. E aqui o eleitor está vendo espontaneidade e muita sinceridade", comparou.       Para o ex-prefeito de Maracanaú e deputado eleito, Roberto Pessoa, Bolsonaro pode ampliar sua margem de votos no Ceará após a briga doméstica entre "ciristas" e petistas.       "O capitão vai crescer mais ainda, principalmente depois do que ele (Cid) disse. Eu não tenho dúvida disso", falou Pessoa.       E alfinetou: "Aliás, esses Ferreira Gomes são muito oportunistas. Eles não podem ficar sem poder. Já estão sentindo o cheiro da mudança".       No Ceará, Ciro terminou o primeiro turno das eleições com 40% dos votos válidos. Em segundo lugar, Fernando Haddad (PT) obteve 33% ante 21% de Bolsonaro.       GIRÃO   Senador eleito, Eduardo Girão (Pros) participou de ato pró-Bolsonaro. Ao discursar, ouviu gritos de "Fora, Eunício" da plateia. Girão derrotou o presidente do Congresso Eunício Oliveira (MDB)       HENRIQUE ARAÚJO