Os cerca de 33 mil eleitores de Brejo Santo, município do Cariri, tinham quase 600 opções de deputados estaduais para escolher no último dia 5 de outubro. Mesmo com tamanha diversidade, mais de 19,1 mil - três a cada quatro - resolveram renovar voto de confiança à tradicional família Landim para alçar o médico Guilherme Landim (PDT) à Assembleia Legislativa.
Eleito com mais de 75% dos votos de Brejo Santo, Landim chegou quase à mesma proporção da vitória folgada de Camilo Santana (PT) no Estado, com 79,96%. Camilo, no entanto, disputava a preferência do eleitor com bloco de 24 partidos e contra outros quatro candidatos. Sozinho no município, Guilherme concorria com 596.
Mais do que a eleição do médico em si, a vitória esmagadora no município representa sucessão de dinastia aprofundada pelo pai de Guilherme, o ex-deputado Wellington Landim, em Brejo Santo. Falecido em 2015, Wellington venceu no município em 2014 com mais de 63% dos votos. Com a morte do deputado, o controle sobre os votos aumentou ainda mais.
Nem mesmo o candidato à Presidência apoiado por Landim, Ciro Gomes (PDT), conseguiu repetir o controle exercido pelo deputado: Rachando com a candidatura de Fernando Haddad (PT), Ciro acabou com 40,95% dos votos na região. Candidato a deputado federal apoiado por Guilherme e em disputa com 264, Antonio Balhmann (PDT) conseguiu 12,3 mil votos (51%).
A informação tem base em levantamento do O POVO Dados nos resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além de Brejo Santo, Guilherme também conseguiu mais de 50% dos votos de outros dois municípios da região, Jati e Porteiras.
Na disputa por vagas na Câmara dos Deputados, maior hegemonia foi a de Genecias Noronha (SD) em Parambu, onde o parlamentar mantém vitórias expressivas há vários anos. No município, o deputado esmagou os outros 264
oponentes com 68,50% dos votos válidos.
Em 2014, ele conseguiu índice ainda maior, de 76,3%. Controle de Genecias sobre o município se reflete também na disputa pela Assembleia, onde a sua esposa, Aderlânia Noronha (SD), foi reeleita para novo mandato com 62,53% dos votos válidos.
A manutenção das dinastias não é, no entanto, regra absoluta no Ceará, com diversos líderes tradicionais tendo perdido espaço na disputa deste ano. Em diversos municípios, antigas lideranças ficaram para trás em suas bases e perderam até 99% dos votos.
Caso mais marcante é do deputado federal Antonio Balhmann, que foi de mais de 8,8 mil votos em Tianguá, na Região Noroeste, em 2014 para apenas 88 na cidade - 1% da votação anterior - neste ano. Indo de 87,6 mil votos para 39,8 mil neste ano, o deputado não conquistou o quarto mandato.
GRÁFICOS
No O POVO Online, você pode conferir gráficos que ilustram as votações dos principais vitoriosos. Os gráficos estão disponíveis no link:
https://bit.ly/2pTYbbr
CARLOS MAZZA