Depois de muita crítica nas últimas semanas de que a base governista trabalhava para asfixiar a oposição na Assembleia Legislativa, o discurso mudou — pelo menos depois da definição das composições e eleição das presidências das comissões técnicas.
Mesmo fragilizada, após perder o MDB, a oposição conseguiu manter os espaços que já ocupava antes da baixa.
O grupo contrário ao governador Camilo Santana (PT) manteve o comando das comissões de Viação, Transporte e Desenvolvimento Urbano, com Heitor Férrer (SD); de Desenvolvimento regional, recursos hídricos, minas e pesca, com Fernanda Pessoa (PSDB); e de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido, com Roberto Mesquita (Pros).
O grupo, no entanto, perdeu o controle da Comissão de Educação. A deputada Dra. Silvana (PR), que antes integrava o MDB na oposição, agora faz parte da base de apoio ao Palácio da Abolição. A parlamentar continua na presidência da comissão.
O deputado Carlos Matos (PSDB), que havia acusado a base do governador de tentar “matar” os espaços da oposição internamente na Assembleia, disse ontem que o resultado final “preservou” a área de atuação do grupo.
Ele falou também que a divisão foi feita com base no regimento. O tucano, inclusive, se mostrou “satisfeito” com a vaga de titular na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa.
O argumento é compartilhado pelo também oposicionista Roberto Mesquita (Pros). Ele diz que o “espaço que a oposição tem (nas comissões) está proporcional ao seu tamanho”.
O deputado relembra que o MDB, que liderava a oposição após a derrota na eleição de 2014, abandonou o barco e virou governista há poucos meses, o que acabou gerando a perda de uma comissão.
“O fato é que nós, no início do ano passado, tínhamos mais espaço porque tínhamos mais membros da oposição. A saída do MDB da oposição fez com que os espaços fossem reduzidos. Mas está proporcionalmente ao tamanho da oposição, foi justa”, argumenta Mesquita.
Garantindo mais um mandato à frente da CCJ, o deputado Sérgio Aguiar (PDT) explicou que o bloco governista de 23 deputados vai presidir mais da metade das 18 comissões permanentes na Assembleia.
“A oposição por duas vezes diminuiu, tendo em vista que os partidos ficaram praticamente sem formação de blocos. Com isso, eles diminuíram a capacidade de estar à frente de determinadas comissões”, explicou.
Aguiar disse ainda que “foi respeitado o espaço da oposição” após intensas conversas entre os deputados e citou a nova composição da CCJ - das nove vagas da composição, duas ficaram para os oposicionistas, Heitor Férrer (SD) e Carlos Matos (PSDB).
WAGNER MENDES