Deputados estaduais e federais correm contra o tempo para definir por qual sigla pretendem disputar as eleições de 2018. Recursos do Fundo Eleitoral, tempo de propaganda e, principalmente, autonomia e espaço para tomar decisões. São muitas as variáveis que pesam na balança na hora da escolha e, em alguns caso, a indefinição deve permanecer até o último dia da chamada “janela partidária”.
O deputado Heitor Férrer (PSB) está entre os parlamentares que já anunciaram a intenção de trocar de legenda. Ele, no entanto, ainda não definiu a nova agremiação. “A minha situação partidária é uma situação difícil porque mudar de partido é sempre muito traumático.
Eu passei quase 30 anos no PDT, tive que sair do partido porque o grupo dos Ferreira Gomes ingressou no PDT e, obviamente, eu não tinha condição de uma convivência partidária com esse grupo. Fui para o PSB. Mas a minha vinda para o PSB terminou também em um outro atropelo porque o Odorico Monteiro [deputado federal e presidente estadual da sigla] já falou, de maneira muito clara, que para eu ficar no PSB eu tenho que apoiar a reeleição de Camilo Santana (PT) para o governo e a eleição de Cid Gomes (PDT) para o Senado e isso é impossível”, admite o deputado.
A condição de apoio ao grupo político comandado pelo ex-governador Cid Gomes (PDT) foi determinante para decisão de Férrer. “É mais fácil o oceano atlântico secar do que eu dar o meu voto ao grupo dos Ferreira Gomes. Portanto, eu terei que procurar uma agenda de uma outra agremiação partidária. Essa outra agremiação, obviamente, eu terei que escolher até o dia 6 de abril (um dia antes do fim do prazo da janela partidária)”, afirma.
O parlamentar, no entanto, ainda guarda reserva sobre as negociações. “Já estou conversando com alguns partidos, mas vou guardar ainda em sigilo essas conversas mas levarei a público até o dia 6 de abril que é a data limite”, promete.
A motivação que afasta Férrer é a mesma que atrai o deputado estadual Tin Gomes, vice-presidente da Assembleia Legislativa. Ele confirmou que vai deixar o PHS, esta semana, para se filiar ao PDT. Questionado se não é mais difícil e complexo disputar a reeleição por um partido bem maior que o nanico PHS ele afirmou que a política é um “desafio constante”. Informou, também, que recebeu convites de vários partidos, cintando o PMN, “mais foi decisivo para a escolha pelo PDT o convite que recebi do ex-governador Cid Gomes e do presidente regional deputado André Figueiredo”, disse.
O parlamentar, que já foi dirigente partidário e comandou o PHS no Ceará, aproveitou para fazer críticas ao atual sistema. “Dá medo hoje a situação dos partidos no Brasil. Muitos precisam realmente ser extintos pra começar tudo de novo. Hoje, é uma banca de negócios em Brasília. Eu estive lá. É difícil hoje você ter uma doutrina no partido. A ideologia partidária não existe mais”, denúncia.
“O Brasil precisa ter um homem de bem na Câmara Federal para fazer as ações necessárias. Infelizmente, os que tem ali, hoje, e às vezes os que chegam se acomodam, não pensam no País. Pensam em si. E esse é o problema do Brasil: Governo Federal, Câmara dos Deputados, Senado Federal. Se o povo entender que tem que mudar todo mundo que lá está e deixar só os que realmente comprovarem que são honestos e fazem as coisas direito, aí o Brasil toma jeito”, disparou Tin Gomes.
Câmara
Aguardando a janela partidária desde junho do ano passado, haja vista divergência com a executiva nacional com o PR, o deputado federal Cabo Sabino oficializou, na última semana, sua saída da legenda e ingressou no Avante..”Desde quando passei a divergir do PR a nível nacional, em razão da falta de alinhamento nas votações, onde me coloquei contra o governo e das reformas, comecei a estudar partidos que me permitissem autonomia política”, frisou o parlamentar.
A decisão de Sabino, ao seguir seu destino político no Avante, deu-se, segundo ele, em virtude da Executiva Nacional garantir a liberdade de apoiar Jair Bolsonaro (PSL) para presidência da República, assim como também, liberdade de apoiar um nome ao Governo do Ceará. “Estamos aguardando a definição do cenário local. Se Capitão Wagner for candidato ao Governo, o Avante o apoiará e trabalhará para elegê-lo”, frisou.
Em relação à própria tentativa de reeleição pelo Avante, o parlamentar afirma que tem trabalhado para que o partido tenha “um time forte” para a disputa proporcional, uma vez que tem como meta a eleição de até dois deputados federais no Ceará e entre dois e três deputados estaduais.
Outro federal que deve mudar de agremiação é o deputado Vitor Valim. Atualmente no MDB, Valim tem se posicionado contra ações do governo Temer (MDB). Nos bastidores, a informação é de que o caminho mais provável será o podemos. Ele, no entanto, não confirma a mudança. “Eu estou avaliando, ainda. Existe uma grande probabilidade de mudança de partido, mas estamos conversando para tomar uma definição. Não tem nada resolvido ainda”, admitiu.