Deputado Heitor Férrer é oposição ao Governo estadual, mas o seu partido é aliado. Ele reclama discussão efetiva entre os oposicionistas
( Foto: José Leomar )
A oposição na Assembleia Legislativa segue sem unidade e os discursos dos parlamentares da bancada, ainda que tenham algum tipo de relevância para seus mandatos ou sociedade, não surtem a ressonância desejada no Plenário 13 de Maio. Deputados que fazem parte do bloco oposicionista querem maior participação de suas lideranças, que segundo disseram, ainda se encontram distantes das discussões locais sobre as eleições de 2018.
A falta de reuniões entre seus membros, e também discussões internas, nos diversos partidos, é algo a ser revisto, conforme defendem. Na semana passada, apesar do burburinho em torno de uma possível candidatura ao Governo do Estado pela bancada de oposição, nada foi concretizado, e nem mesmo o nome sondado, o do senador Tasso Jereissati (PSDB), foi confirmado por ele ou por seus assessores. Além disso, a indefinição pública do senador Eunício Oliveira (PMDB) quanto a que lado deve estar na disputa do próximo ano dificulta um maior alinhamento entre os seus liderados.
"Os senadores Eunício Oliveira, Tasso Jereissati e o senhor Roberto Pessoa são os maiores protagonistas da oposição no Ceará. Eles deveriam dar a energia aos que aqui estão, mas ninguém vê unidade entre eles próprios", disse o deputado Heitor Férrer (PSB), um dos oposicionistas, mesmo que seu partido seja governista. "Qual foi a grande reunião que eles fizeram para aglutinar a oposição? Nenhuma", apontou o pessebista.
Segundo ele, a oposição faz o papel de criticar e cobrar do Governo, no sentido de fragilizar o governante, mas é preciso maior interação com as lideranças políticas, o que não tem acontecido. "Precisamos de uma liga maior e quem deve ter isso são os líderes, que deveriam estar fazendo esse papel", reclamou Férrer.
Para o pessebista, a indefinição de quadros de oposição para o pleito do próximo ano se dá porque os líderes do bloco estão tratando a política por conveniência pessoal. "O Eunício Oliveira está num limbo, em que ele próprio se colocou. Ele acena com a mão esquerda para o governador Camilo e com a direita para a oposição. Ele é o maior protagonista, e agora quer salvar o mandato com apoio do Camilo e dos Ferreira Gomes ou com a oposição", lamentou. Férrer afirmou ainda que não há nada de concreto em uma eventual candidatura de Tasso Jereissati para o Governo do Estado, o que dificulta ainda mais a situação dos oposicionistas. "Não sei se concretamente ele é candidato, porque eu não ouvi nada dele. Mas essa indicação balança as estruturas políticas da sociedade. No momento em que se definir, tenho certeza que o Governo Camilo treme".
O deputado Carlos Matos (PSDB) afirmou que muitos partidos "têm dificuldades de ficarem fora de um poder, pois acham que só podem fazer algo se estiverem ligados ao Governo". Segundo disse, a sigla tucana não age dessa forma, tanto que passou muitos anos longe do Governo Central, mas seguiu acreditando em seus valores.
Derrotada
"Não queremos o caminho fácil. Queremos um projeto que coloque o Ceará em novo patamar, não sendo um dos maiores em violência e menores salários do País", reclamou. Segundo ele, apesar da falta de unidade, "a oposição não está morta", ainda que tenha sido derrotada nos pleitos de 2014, em nível estadual, e 2016 na disputa para a Prefeitura de Fortaleza.
Para ele, o ideal seria que houvesse uma definição da oposição ainda neste ano, até porque em nível nacional, siglas como o PSDB têm pressa para apresentar um projeto e um nome para o pleito de 2018. Ao contrário do que disse Heitor Férrer, o tucano ressaltou que não há impasse quanto ao trabalho da bancada, destacando que há, sim, nomes fortes para a disputa entre eles.
Ely Aguiar (PSDC) afirmou que a oposição está fazendo levantamento da atual situação, se articulando nos bastidores e "vazando" informações para sentir a ressonância entre a população. "A gente observa que o Ceará terá opção, pois não se pode ter um candidato único. Acredito que essa definição aconteça até o início de novembro", defendeu. O parlamentar acredita ainda que não sendo um nome de peso, a oposição pode apresentar alguém que seja desconhecido da política cearense.