DROGAS E MORTES
O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, mencionou ontem, na Assembleias Legislativa, dados preliminares sobre perfis das vítimas de homicídios. Segundo ele, os primeiros números, de janeiro a março deste ano em Fortaleza, indicam que 85% dos assassinados tinham algum envolvimento com drogas.
Informação é sempre bem-vinda e esse número traz elemento estarrecedor: o quanto a violência é alimentada pelo tráfico, que é essencialmente atividade de comércio. Outros crimes se desdobram como forma de enfrentar a proibição e manter a venda e distribuição apesar do cerceamento. Assim, surgem assassinatos, tráfico de armas. Para pagar dívidas, ocorrem roubos. Desse modo a cadeia se desdobra. Na minha leitura, os números são elemento extra a mostrar a falência do modelo de segurança pública pautado no combate à proibição da venda e consumo de certos produtos, enquanto outros, até mais danosos, são permitidos.,
Mas, há outras leituras possíveis. Algumas perigosas. É muito provável que se use a estatística de maneira a dizer que essas 85% de vítimas de homicídios morreram porque estavam envolvidas com o crime. Que fizeram por onde morrer. No limite, mereceram ser assassinadas. E as mortes passam, então, a ser comemoradas.
Não cabe ao poder público nenhuma distinção entre vítimas de crime. Cabe tentar prevenir. É inadmissível que algumas mortes passem a ser aceitas, que algumas vidas sejam tidas como melhores ou piores que as outras. Quem cometeu crime deve ser punido conforme a lei e os assassinatos não podem se constituir em Justiça paralela, na qual os alvos, em regra, são jovens pobres da periferia.
OPOSIÇÃO AOS PEDAÇOS
O grupo Ferreira Gomes (PDT/PT) diz negociar com Eunício Oliveira (PMDB), sem que um lado confie no outro. Com isso, a oposição estadual, já reduzida, fica também sob clima de intensa desconfiança interna.
Capitão Wagner (PR) já avisou que em nenhuma hipótese estará no palanque com os Ferreira Gomes. Tasso Jereissati (PSDB) provavelmente trabalhará por um palanque local para a candidatura nacional do PSDB. É difícil que seja o mesmo de Camilo, Cid e Ciro Gomes (PDT).