Se depender da vontade de deputados estaduais da base de Camilo Santana (PT), reaproximação entre o governador e o senador Eunício Oliveira (PMDB) é mais que uma possibilidade: é necessidade.
Mesmo com certa resistência de líderes de ambos os grupos, deputados aliados e até da chamada ala “independente” da Assembleia saíram ontem em defesa da volta da aliança para 2018.
“Claro que tem que aproximar. O Eunício é dos políticos mais influentes em Brasília. Com a crise, o governo não pode se dar ao luxo de, por questões pessoais, não usar disso pelo bem do Estado”, diz Sérgio Aguiar (PDT). Para ele, embates travados pelos grupos nos últimos anos não devem ficar no caminho. “A política é dinâmica”, afirma.
A tese, no entanto, ainda não é abertamente endossada por duas das principais lideranças dos grupos, os próprios Eunício e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Em entrevista ontem ao “Blog do Eliomar”, Ciro classificou a aliança como “muito, muito, muito improvável”. Antes de concluir a fala, no entanto, o pré-candidato admite: “A política tem dessas contradições”.
Eunício tem dito que só abriria mão da disputa ao governo caso Tasso Jereissati (PSDB) saia candidato. A resistência de ambos, no entanto, não intimida a base. “Tudo é possível na política. Antigos inimigos ficam juntos o tempo todo. Até o próprio Tasso foi algoz do Eunício diversas vezes e agora estão aí, juntos, há duas eleições”, afirma Tomaz Holanda (PPS).
“O Ciro e o governador, antes de tomarem qualquer decisão, vão consultar a base, os partidos aliados”, afirma Julinho (PDT), vice-líder de Camilo na Casa. “Eu pessoalmente não tenho nenhum veto. A população não quer saber se um político está junto com outro ou o que for, ela quer saber é se a criminalidade diminuiu, se a saúde melhorou.”
Deputada do setor independente da Casa, Aderlânia Noronha (Solidariedade) afirma que o seu partido ainda não discutiu a questão, mas defende que o Estado tem a ganhar com aproximação de ambos. “Se o Eunício estiver mesmo fazendo essa aliança, significa que o governador está com um mandato muito bom, deve estar com condições eleitorais muito boas”, avalia Augusta Brito (PCdoB).
Oposição “no limbo”
Mesmo sem confirmação, reaproximação entre Camilo e Eunício já possui efeitos práticos na oposição da Assembleia. Na quinta passada, a Casa aprovou contas do governo Camilo de 2016 com apenas três votos contrários - um recorde.
Na manhã de ontem, visita do secretário da Segurança Pública, André Costa, foi das mais tranquilas, sem grandes embates como ocorriam durante visitas do ex-secretário Delci Teixeira à Casa.
Até ano passado o maior partido de oposição ao governo no Legislativo, o PMDB acabou reduzido na posição, com Audic Mota, Dra. Silvana e Agenor Neto passando para a base aliada. Agora, os três defendem reaproximação entre os grupos.
A tese de aliança, no entanto, ainda é rejeitada por opositores como Carlos Matos (PSDB) e Capitão Wagner (PR). “Uma aliança para diminuir a disputa. Falta combinar com os russos”, diz Matos.
Independentes, Renato Roseno (Psol), Ely Aguiar (PSDC) e Roberto Mesquita (PSD) seguem na oposição.
CARLOS MAZZA