Assembleia Legislativa votou ontem extinção do TCM
MARIANA PARENTE/ESPECIAL O POVO
A Assembleia Legislativa aprovou ontem, por 30 votos a 9, em 2º turno, a PEC que determina o fim do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) no Ceará. A oposição, contrária à extinção da Corte, foi vencida pela mais uma vez. No 1º turno, em julho, o placar havia sido 32 a 8.
O texto agora volta para a Comissão de Constituição e Justiça para a redação final e votação, antes de ser promulgado pela mesa diretora. A expectativa é de que a decisão seja publicada no Diário Oficial do Estado até o fim desta semana.
“Não é uma promessa de economia. De R$ 126 milhões que seriam gastos em 2017, serão gastos apenas R$ 82 milhões. Portanto, uma economia concreta de R$ 44 milhões”, disse o deputado Heitor Férrer (PSB), autor da proposta.
Férrer foi criticado pelo colega Odilon Aguiar (PSD), também da oposição, que era contra o fim do TCM. O parlamentar disse que a Assembleia estava sendo manipulada pelo poder Executivo. O deputado Ely Aguiar fez declarações semelhantes, afirmando também ser contra a extinção do órgão porque ela foi fruto de disputa política.
Recurso
Assim como ocorreu durante todo o processo de discussão e votação das duas PECs, o processo de aprovação da emenda deve ser judicializado. Pelo menos é o que promete o presidente do TCM, Domingos Filho, que já está em Brasília.
“Já estou em Brasília para dar entrada em recurso no Supremo Tribunal Federal. A aprovação (da PEC) foi um absurdo, uma agressão à Constituição e ao regimento”, disse Domingos.
“O STF, em recente julgamento sobre a ampliação do número de conselheiros dos tribunais de contas dos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo, abordou que o fato de as duas Cortes de Contas terem sido recepcionadas pela Constituição de 1988, somente por meio do Congresso Nacional poderiam ser realizadas quaisquer mudanças nas casas julgadoras”, completou o conselheiro Francisco Aguiar.
Saiba mais
Rivalidade
A PEC que extingue o TCM já existia há meses, mas só foi tocada pela base depois de racha entre aliados. O presidente da AL, Zezinho Albuquerque, mostrou interesse no projeto que punia um rival político, o atual presidente do TCM, Domingos Filho.
As supostas irregularidades da Corte foram criticadas. O orçamento alto do TCM se tornou um problema que que serviu de argumento para sua extinção.
Nova PEC
Autor da PEC que extingue o TCM, Heitor Férrer afirmou que trabalha em uma nova PEC que impede que conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sejam nomeados politicamente. Segundo ele, o objetivo é que os julgamentos de contas sejam cada vez mais técnicos.. Ele garantiu ainda que o trabalho de fiscalização não será prejudicado após o fim do TCM.
ISABEL FILGUEIRAS | WAGNER MENDES