Para José Sarto (PDT), têm ocorrido manobras legítimas na Assembleia "para procrastinar"
( Foto: José Leomar )
Em sessão ordinária atípica, os deputados estaduais da Assembleia Legislativa compareceram quase na totalidade, ontem, para votar matérias que estavam na Ordem do Dia. Com o Plenário 13 de Maio lotado, nem parecia uma plenária diária comum, com esvaziamento frequente. Para tentar manter o quórum pelos próximos dias, evitando esvaziamento das plenárias, parlamentares da base governista acreditam ser necessária a presença constante dos aliados do governador Camilo Santana.
Dos 46 deputados da Casa Legislativa, pelo menos 34 fazem parte da bancada aliada ao Governo, o que já garantiria quórum qualificado para as discussões, algo que raramente acontece. Para além da falta de parlamentares presentes no plenário, tem sido observada na Assembleia a apatia de alguns na defesa da gestão. Apesar do aumento no número de aliados que trabalham para enaltecer os trabalhos do governador, ainda é pífia tal participação, visto o tamanho da base governista.
Na sessão deliberativa de ontem, somente seis deputados não compareceram, sendo a maioria aliada do Governo Camilo Santana. Foram eles: Sérgio Aguiar (PDT), Moisés Braz (PT), Joaquim Noronha (PRP) e Audic Mota (PMDB), além de Odilon Aguiar (PMB) e Carlos Matos (PSDB), este dois opositores da administração atual.
Regimento
Para o deputado José Sarto (PDT), vice-líder do Governo na Casa, é preciso que seus pares cumpram o Regimento Interno e permaneçam presentes às sessões por pelo menos cinco horas, a partir das 9 horas, podendo ser prorrogadas. Segundo ele, têm ocorrido "manobras legítimas", por parte da base governista e da oposição, "para procrastinar".
"A gente percebe que, nitidamente, há arregimentação da oposição, de forma legítima, para tentar fazer com que os deputados vão embora e faça cair o quórum", disse. O parlamentar defende que seus pares tenham consciência de suas ações, ainda que reconheça as agendas externas que impedem a permanência exclusiva no Plenário 13 de Maio. "Se todo mundo ficasse aqui até o fim, com certeza as sessões seriam mais céleres".
Julinho (PDT) afirma que é necessário trabalhar com a base a presença efetiva no plenário. No entanto, ele reconhece que com a proximidade das eleições, muitos parlamentares permanecerão em suas bases no Interior do Estado. "Isso é compreensível por parte da Mesa Diretora e do Governo", ressaltou.
Segundo Julinho, independentemente de ser oposição ou base, o deputado tem obrigação de permanecer no plenário. "O que está acontecendo é que quando a base precisa de quórum a oposição esvazia. A gente acaba protelando para dar o quórum para determinadas matérias", disse. Ele afirma que as ausências também são sentidas nas reuniões das comissões técnicas permanentes.
Rachel Marques (PT), por sua vez, destaca que muitos parlamentares têm atuação mais voltada aos bastidores. "Há deputados que fazem a opção de estar mais presentes nos municípios, e, às vezes, isso ocasiona a ausência no plenário. Mas é a forma deles de atuarem", opinou.
Já Manoel Santana (PT) ressalta que, muitas vezes, os assuntos no púlpito da Assembleia são repetitivos, o que também poderia motivar atuações fora do plenário. "Tem deputado que não gosta de estar se pronunciando, mas trabalha em comissões e realizando audiências, até porque essa relação com a população é muito relevante", defendeu.