O Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência da Assembleia Legislativa e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apresentam, hoje, o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). O estudo permite o monitoramento sistêmico da incidência de homicídios entre a população jovem, contribuindo para o desenvolvimento e a avaliação das políticas de prevenção à violência.
“Dados de boa qualidade são importantes para adotar políticas públicas. Inclusive, elas não podem ser respostas coercitivas, mas respostas preventivas”, frisou o deputado estadual Renato Roseno (Psol), presidente do Comitê pela Prevenção de Homicídios da AL.
O parlamentar explicou ainda que o relatório apresentará dados sobre homicídios de adolescentes no Brasil e no Ceará, a partir de uma pesquisa do cenário da violência sofrida por adolescentes em 2014. Ainda segundo Roseno, o estudo é um trabalho entre o Unicef e o Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ).
O documento traz, ainda, uma projeção do número de adolescentes que serão mortos antes de completar 19 anos até 2021 e uma análise dos números de homicídios de adolescentes nos grandes municípios brasileiros.
Dados de 2012
Em 2015, o estudo apontou que, entre as capitais, o ranking era liderado por Fortaleza com 9,92, seguida por Maceió (9,37), Salvador (8,32) e João Pessoa (6,49). Os dados da pesquisa indicaram também que o Nordeste é a região brasileira com maior índice, registrando 5,97 homicídios de adolescentes por mil habitantes desta faixa etária.
O indicador apontou que, se nada mudar, 5,97 de cada mil jovens com 12 anos em 2012 serão assassinados antes de completar 19 anos, em 2019. No Brasil, a taxa é 3,32 por mil. Acima dela também ficaram o Centro-Oeste (3,74) e o Norte (3,52). No Sul do país, o IHA chegou a 2,44 por mil jovens, enquanto no Sudeste a taxa atingiu 2,25.
Além disso, o Ceará ficou entre os estados com índice mais elevado de violência letal contra adolescentes, com 7,74 por mil. Perdeu apenas para Alagoas, que ocupou a primeira posição, com 8,82 adolescentes assassinados em cada mil e a Bahia, com 8,59 por mil. O estudo apontou, ainda, que, em Fortaleza, 2.988 adolescentes com 12 anos em 2012 podem ser assassinados até 2019, contra 2.297 na capital paulista. Se comparada ao Rio de Janeiro, a capital do Ceará pode perder o dobro de adolescentes entre 2013 e 2019, apesar da população nesta faixa etária ser menos que a metade da contabilizada na capital fluminense.
Publicação
Além do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), o comitê da Assembleia lançará a publicação “Trajetórias Interrompidas”. O trabalho apresenta dados compilados do estudo sobre homicídios de adolescentes em Fortaleza e em seis municípios do Ceará.
O relatório traz as informações colhidas na pesquisa de campo realizada em 2016, por iniciativa da Assembleia Legislativa, em parceria com o Governo do Estado e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O levantamento contou com 24 pesquisadores de campo, entrevistou mais de 450 famílias e 110 adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas.