Deputado Manoel Santana faz menção a artigo do filósofo Maurício Abdalla para falar de investidas de setores do setor econômico na política
( Foto: Helene Santos )
O deputado estadual Manoel Santana (PT) leu na tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã de ontem, trecho de um artigo assinado pelo professor de filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo, Maurício Abdalla, que, na visão do petista, esclarece a atual conjuntura nacional, na medida em que "existe um complexo financeiro-empresarial e apartidário, agindo de acordo com sua conveniência, sendo quem controla a economia e a política do país".
O foco da ação, de acordo com o texto lido, não está na política, mas na economia. "A economia é o foco principal desses grandes empresários que comanda a sociedade, com dimensões globais, vêm de fora e aqui dentro tem articulações com raízes bem profundas na política e na economia", analisou Santana. "Os donos do poder, de fato, não são políticos, mas grandes empresários. Eles decidem.
De acordo com Santana os detentores de grande poderio econômico descobriram que poderiam comprar, corromper políticos e transformá-los em agentes seus dentro do Congresso Nacional. "Foi isso o que ocorreu na nossa política. Esse regime está desmoralizado porque ficou evidente toda a conspiração que existe dentro dele para favorecer esses grupos econômicos".
Aparência
Voltando ao texto de Abdalla, o parlamentar "explicou" o que o autor quis dizer quando fala que "o que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade para criar a sensação de participação consciente e cidadã".
Santana apontou que a "suposta democracia" seria apenas de aparência. "Nós fomos enganados o tempo todo. Achávamos que estávamos tomando decisões, estávamos elegendo as pessoas e, na verdade, havia distorção profunda porque terminavam sendo eleitos exatamente aqueles a quem interessava a esses donos do poder. Lá eles deveriam fazer as leis e representar os interesses dos empresários, conseguindo diminuir impostos sobre ricos, facilitando a vida dos ricos e dificultando a dos pobres".
O projeto da Reforma Trabalhista, conforme colocou o petista, é reduzir o custo da mão de obra contratada. Para que isso ocorra, fazem o que chama de Reforma Trabalhista que é na verdade a desconstrução da legislação trabalhista, a destruição e desarticulação dos sindicatos, atingindo o financiamento que os sindicatos têm para realizar suas campanhas, diminuindo o poder de barganha dos sindicatos e colocando alguém indicados por eles para falar em nome dos sindicatos. O que for negociado vai valer mais do que aquilo que diz a lei", opinou.
Delação
"Estão fragilizando o poder que tem o trabalhador de reclamar os seus direitos junto à Justiça do Trabalho, e isso tudo parte do conjunto do golpe financeiro e midiático e tentam colocar como se as mudanças, como na Previdência fossem uma coisa boa", enfatiza.
O deputado da bancada petista ressaltou que foram citados 1820 políticos em uma das delações da JBS. "Noutra delação a respeito do senador Aécio Neves o delator diz que deu R$ 100 milhões para o senador comprar partidos políticos. Ele cita vários e acho que de todos os que estão hoje na Assembleia, apenas o PSOL não entra. O que a gente precisa nesse momento é saber distinguir o que é denúncia e o que é, de fato, crime consumado, apurado e comprovado. Muita gente entra no bolo sem ter culpa e responsabilidade e acaba sendo acusado injustamente", alertou.
Multas
Manoel Santana relatou ainda, em seu pronunciamento, que taxistas e demais motoristas que trafegam no trecho entre Juazeiro e Crato estão sendo multados de forma indiscriminada, inclusive na madrugada. "São várias as multas irregulares. Um aparelho que funciona nos semáforos deve estar com problema e cobramos que o Detran mande fazer a verificação e anular as multas irregulares".
Conforme expôs, os prejuízos causados de maneira errônea aos condutores vão além da pontuação na carteira de habilitação. "Em Juazeiro tem motorista que vai ter que vender o carro para pagar as multas". Ele disse ter se reunido com a associação local dos taxistas e ao receber cópia das multas constatou que em via onde a velocidade é de no máximo 60 km/h, o cidadão passa com 28 km/h, 18 km/h e até 15 km/h e acabava sendo multado. "Existe um erro sério e essas pessoas não podem pagar essas multas", disse.