Relatoria da LDO ficou nas mãos do opositor Odilon Aguiar
Em meio a novo racha na base de Camilo Santana (PT), relatoria de um projeto-chave para o governo acabou indo “de bandeja” para a oposição no Ceará. Com o adversário Odilon Aguiar (PMDB) na relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano, o governador já reuniu aliados e revelou preocupação com manutenção de pontos estratégicos da matéria.
No centro da “crise”, está relação do governo com o deputado Joaquim Noronha (PRP). Até então aliado de Camilo, o parlamentar tem se afastado do governo após desentendimentos com a equipe do petista. Presidente da Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia, foi Noronha quem indicou o opositor Odilon como relator da LDO.
A decisão surpreendeu aliados do governador, que tinham o deputado como aliado. “Claro que a primeira coisa geral foi ‘que diabo é isso, esse cara não era aliado?’”, disse um deputado, que não quis ser identificado. Apesar de sempre ter mantido certa independência, Noronha tem entrado em rota maior de colisão com a base nos últimos meses.
Em abril, o deputado trocou críticas com Mário Hélio (PDT), após o colega criticar ritmo de votações de projetos do governo na comissão presidida por Noronha. Nos bastidores, se comentava que Mário Hélio teria apenas repassado críticas do próprio governo. “Em vez de fiscalizar os colegas, o deputado deveria cuidar de seu mandato”, rebateu Joaquim Noronha.
Camilo preocupado
A mudança na postura de Noronha e sua opção por Odilon acenderam “sinal amarelo” no Palácio da Abolição. Mais até do que com recentes denúncias feitas pela JBS, o governador estaria preocupado com matérias de interesse do governo enviadas à Assembleia – entre elas a LDO. Nesta segunda-feira, ele se reuniu com aliados para destacar importância dos projetos.
Ele disse que várias das matérias precisam ser aprovadas com urgência ou podem perder objeto. Como todas passarão pela Comissão de Orçamento e Finanças ou dependem da LDO, há preocupação com atrasos ou possíveis alterações. Entre pontos vistos como essenciais, estão a mudança de regras no Refis no Estado e que trata de bolsas em universidades públicas.
Nos bastidores, deputados formulam todo tipo de teoria sobre as razões do descontentamento de Noronha. Todos evitam, no entanto, comentar o assunto publicamente, com receio de agravar o racha. Joaquim Noronha foi procurado pela reportagem, mas não atendeu ligações feitas ao seu celular.
Um dos articuladores do governo na comissão, Elmano de Freitas (PT) se disse “surpreso” com escolha do relator para a LDO, mas minimizou questão. “Era uma prerrogativa dele. Vamos agora debater para ver o que não pode ficar sem ser aprovado”, disse. (Carlos Mazza - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)