Celebrando filiação ao PSB, o deputado federal Odorico Monteiro, vindo do Pros, afirma que convite para assumir a presidência estadual foi feito e, caso aceite, deve seguir projeto de levar o partido a “marchar ao lado do governador Camilo Santana (PT)”. Danilo Forte (PSB), antigo presidente, questiona “movimento desconfortável” e “sem diálogo”. Heitor Férrer (PSB) diz que não negocia aliança com Camilo ou PDT.
Odorico concretizou a filiação ontem à tarde e recebeu convite do presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, para o comando do PSB no Ceará. Ele deverá substituir o deputado federal Danilo Forte, que foi destituído após votar a favor da reforma trabalhista na Câmara, indo contra orientação da executiva.
Ele alega não ter aceitado ainda o convite, mas admite ser parte de projeto de “realinhamento estratégico” em momento de “crise política”. O intuito no Ceará, segundo o deputado, será de acompanhar o governador Camilo.
“Fui militante do PT ao lado do Camilo. Fiz parte de todo o processo com ele, apoiei a base, apoiei Roberto Cláudio (PDT). Há um alinhamento estratégico importante com o governador. Um orgulho muito grande de contar com ele, que lidera um projeto que envolve um arco de alianças que entendemos estar juntos, com o PT, PDT e PCdoB”, conta.
Segundo ele, cria-se também alinhamento “com o PDT”, que tem influência forte dos Ferreira Gomes no Ceará, dos quais Odorico é próximo, desde a transição do PT para o Pros. Contudo, ele afirma ser “muito cedo ainda” para traçar apoio à candidatura de Ciro Gomes (PDT) em 2018, para a presidência da República.
Danilo e Heitor
A notícia foi recebida com surpresa por Danilo. Em nota, o ex-dirigente estadual alega não ter sido “comunicado dos acertos” com Odorico, o que considera “movimento desconfortável, agravado pela ausência de diálogo entre o presidente nacional e seus integrantes”. Conforme O POVO apurou, há ainda sondagem de filiação ao PSC.
Carlos Siqueira coloca panos quentes e afirma que não existe “problema pessoal” com Danilo e que “o problema exclusivamente” de voto favorável à reforma trabalhista de Michel Temer (PMDB) “distanciou” Danilo da direção. Siqueira diz, ainda, ser “legítimo” e “democrático” o encontro com prefeitos para dar força política ao deputado.
Crítico histórico dos Ferreira Gomes, o deputado estadual Heitor Férrer não dá crédito à tentativa de diálogo de Odorico para proximidade do governo estadual, ao qual faz oposição. “É mais fácil o oceano atlântico seca e galinha criar dente”, diz.
DANIEL DUARTE