O deputado Leonardo Araújo (PMDB) voltou a denunciar, ontem, na Assembleia Legislativa a interferência política em prejuízo às obras de Transposição do Rio São Francisco. Segundo o parlamentar, a suposta influência de Otacílio Borges, subsecretário de infraestrutura do Governo do Estado na gestão Cid Gomes, estaria paralisando o andamento dos trabalhos de transposição no Ceará. Araújo enfatiza que as obras estão paradas por conta de uma ação judicial apresentada pela empresa PB Construções, que tem como sócios a esposa e o filho de Otacílio Borges, que ficou descontente por ter sido inabilitada no processo de licitação.
Segundo Leonardo Araújo, a empresa foi desclassificada do processo por ter fraudado documentos na licitação anterior, assinalando que ela está tentando prejudicar a conclusão da transposição no Estado para desgastar a imagem do Governo Federal. “Trata-se de uma empresa ligada a alguém muito próximo dos Ferreira Gomes, que tenta tirar proveito político da situação e responsabilizar o Ministério da Integração Nacional e o Governo Temer pelo atraso das obras”, apontou o deputado.
O parlamentar questionou a postura do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), que tem sinalizado para uma mobilização dos parlamentares da Casa, no sentido de pressionar o Governo Federal para acelerar a conclusão das obras de transposição no Ceará. “Digo ao presidente e à base governista desta Casa que esta pressão deveria iniciar na cozinha do próprio Governo do Estado, chamando os Ferreira Gomes para interceder junto ao Otacílio Borges na retirada desta ação judicial”, propôs Leonardo Araújo. Para ele, “a empresa está justamente inabilitada do processo licitatório e está prejudicando a população cearense com um uso político lamentável da situação”.
O deputado Capitão Wagner (PR), líder da oposição na Assembleia Legislativa, manifestou preocupação com a judicialização das obras de transposição. “Precisamos tratar com muita responsabilidade esta questão, cobrando do Governo Federal o que for de sua responsabilidade e cobrando celeridade da Justiça na solução do problema, pois não interessa mais quem é o responsável pela transposição, mas sim que ela seja concluída imediatamente”, destacou.
Defesa
Já o deputado Sérgio Aguiar (PDT) defendeu a necessidade de se concluir a obra, mas ponderou o teor das acusações. “É muito importante trazer esta discussão e ficarmos em alerta sobre a utilização política da transposição, mas conheço o trabalho da PB Construções e a conduta ilibada do Otacílio Borges, e entendo ser muito ofensivo acusá-lo desta forma”, ponderou. O deputado Fernando Hugo (PP) também discordou da personalização e da “vilanização” em relação ao problema. “Temos que nos unir e cobrar que a transposição seja finalizada, entendendo que há diversos atos em toda a trajetória desta obra que deixaram a desejar, mas precisamos ter responsabilidade nas cobranças”, pontuou.