Deputados estaduais de oposição repercutiram ontem, na Assembleia Legislativa, matéria do jornal Bom Dia Brasil, da TV Globo, sobre investigação do Ministério Público Federal que mira a compra de máquinas tuneladoras, pelo Governo do Ceará, que seriam utilizadas para a escavação dos túneis do metrô de Fortaleza. Segundo a reportagem, foram gastos mais de R$ 100 milhões, mas a obra não teria saído do papel. Os equipamentos foram adquiridos na gestão do ex-governador Cid Gomes (PDT).
O deputado Danniel Oliveira (PMDB) foi o primeiro a levar a questão à tribuna. "Mais uma vez, os 'tatuzões' mostram o descaso com o dinheiro público, onde R$ 138 milhões foram investidos e a ação do Ministério Público Federal já avança para mostrar os culpados do desperdício desse dinheiro", disse. "O pior é que estão jogados, sem nenhum acompanhamento, para que se acabem", reclamou, cobrando que a Casa tome providências.
Ely Aguiar (PSDC) lembrou que o problema mostrado pela emissora já foi exposto várias vezes na Assembleia e parabenizou o procurador da República no Ceará, Alessander Sales, pelos questionamentos feitos acerca da "compra dos 'tatuzões' por um governo megalomaníaco".
Explicações
Já Heitor Férrer (PSB) disse que o pior aconteceu quando o espaço que guarda as máquinas foi invadido e peças foram roubadas. "Deu na Rede Globo o espetáculo que se faz de uma administração, onde se gasta dinheiro público estando os hospitais abarrotados de pacientes".
Coube a Rachel Marques (PT) dar explicações sobre a situação das tuneladoras. Ela garantiu que estão em perfeitas condições, com manutenções em dia e aptas a operar quando a obra iniciar. "Parte das peças já foi recuperada e as demais, repostas. Hoje existe vigilância ostensiva no local", ressaltou. Rachel também disse que há demora na retomada da obra porque, segundo ela, uma das empresas que ganharam licitação para realizá-la optou por sair do consórcio.
Ela destacou, porém, que há parecer favorável do Tribunal de Contas da União (TCU) ao posicionamento do Estado sobre não realizar outra licitação, mas garantir a substituição da empresa que saiu do consórcio.