Contra a reforma da Previdência, proposta pelo Governo Federal, manifestantes foram ontem às ruas em 26 capitais do País e Distrito Federal no dia nacional de paralisações e greves. O presidente da República, Michel Temer (PMDB), foi alvo principal. Em Fortaleza, organização estima mais de 30 mil presentes no Centro da Cidade. Em São Paulo, houveram pelo menos seis manifestações, levando 250 mil pessoas à Avenida Paulista, segundo organizadores.
Após concentração às 8 horas na Praça Clóvis Beviláquia – conhecida como Praça da Bandeira –, o ato em Fortaleza seguiu até agência do INSS, na rua Pedro Pereira. Faixas em andares altos do próprio prédio foram estiradas, com dizeres de “Temer sai,aposentadoria fica”. A manifestação, que deveria terminar lá, porém, se dirigiu para finalização na Praça do Ferreira, encerrando ato às 12 horas.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-CE), Will Pereira, avaliou como “positivo” o protesto na Capital.
“Foi muito forte. Muito positiva a aceitação da sociedade que entrou no debate contra o desmonte da Previdência”, disse Will.
Para o deputado estadual Renato Roseno (Psol), o ato foi “surpreendente” pelo “tamanho, diversidade e pluralidade”. Ele afirma que se for mantido “um conjunto de atos nessa dimensão”, a reforma da Previdência deva ser barrada no Congresso Nacional.
“Há um foco muito bem definido que é informar as pessoas sobre a reforma. Quase todo mundo no Ceará tem um familiar que é aposentado rural. O fim da aposentadoria especial rural é um golpe nas economias do semi-árido”, argumentou.
Também presente na manifestação, o vereador Guilherme Sampaio (PT) viu “o começo da queda de Temer” no protesto. “A pressão popular está crescendo muito. A reforma vai ser o réquiem do defunto de Temer”, disparou.
São Paulo
Em São Paulo, foram ocupados seis quarteirões da Avenida Paulista, e vias do Centro foram fechadas para a manifestação. O ex-presidente Lula (PT) chegou a comparecer ao protesto, discursando por 10 minutos contra governo Temer. “Vocês querem resolver o problema da Previdência? Ao invés de fazer uma reforma que tire direitos, faça a economia voltar a crescer, gere emprego e aumente os salários que receita vai voltar”, afirmou. O petista foi a estrela da manifestação convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Ao final, manifestantes mascarados atearam fogo em barricadas na Av. Nove de Julho, atirando pedras e rojões, sendo dispersos pela PM com bombas de gás lacrimogênio. (com agências de notícias)
SAIBA MAIS
Brasil afora
Em Brasília, capital federal, ato contra a reforma da Previdência reuniu cerca de 10 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). Foram espalhadas cruzes em frente ao Congresso, como símbolo de morte antes da aposentadoria. Na madrugada de quarta-feira, por volta das 5 horas, manifestantes do Movimento Sem-Terra (MST) invadiram o Ministério da Fazenda, quebrando vidraças do prédio.
No Rio de Janeiro, a Avenida Presidente Vargas foi interditada durante o ato. Dois acessos da estação Central do Brasil foram fechados à noite, devido a confrontos. Houve ainda, pela manhã, manifestação de portuários na Av. Brasil e de professores na Zona Sul.
Houve ainda confronto na capital carioca. Mascarados lançaram rojões na direção de policiais, que revidaram com bombas de gás. Foram destruídas agências do Banrisul, do Santander e do Itaú na região central da capital fluminense. Diante da tensão, os organizados decidiram encerrar o ato.
Em Maceió (AL), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Teresina (PI), Natal (RN), Florianópolis (SC), São Paulo e Fortaleza, ônibus pararam ou tiveram circulação interrompida em parte do dia. Em Macapá (AM), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Rio de Janeiro, as escolas da rede pública tiveram paralisação das aulas.